Em cada início de ano é normal formulamos votos de Paz, sendo que atualmente esse desejo faz ainda mais sentido, uma vez que vivemos uma situação de graves conflitos em diferentes pontos do planeta, com os senhores da guerra, NATO à cabeça, a enveredarem por uma escalada muito perigosa a que, para bem da humanidade, importa pôr cobro.
De facto, num momento em que a NATO assinala os 75 anos da sua criação, o seu secretário-geral não se coibiu de proferir um conjunto de afirmações extremamente graves e belicistas, com expressões como: “devemos adotar uma mentalidade de guerra e estar preparados para um conflito de longo prazo” e “é necessário fazer sacrifícios, envolvendo cortes nas pensões, abdicando de sistemas de saúde e de segurança social para alimentar a guerra”.
Estas palavras, demonstram o quanto desrespeitam os mais básicos direitos das pessoas, tudo valendo para servir os seus propósitos, mesmo que à custa da miséria e da morte.
Colocada ao serviço da política externa de hegemonia dos EUA e das suas multinacionais, a NATO protagonizou e apoiou golpes de Estado, guerras de agressão e ocupações militares, sendo responsável por um imenso legado de morte, sofrimento e destruição, por milhões de desalojados e de refugiados.
Ao contrário do proclamado, a NATO constitui-se como um bloco político-militar com vocação agressiva, que se arroga no direito de intervir militarmente em qualquer parte do mundo, sob um qualquer pretexto, desrespeitando os princípios da Carta das Nações Unidas e o direito internacional que devem reger as relações entre países e salvaguardar a soberania e os direitos dos povos.
É difícil encontrar um conflito que não tenha a intervenção, direta ou indireta da NATO, sendo particularmente graves as situações vividas no Médio Oriente e na Ucrânia.
No Médio Oriente, para além da escalada de confrontação que ameaça alastrar a guerra a toda a região, assiste-se hoje a uma situação que vai muito para além de uma guerra. O que se está a verificar é um atroz genocídio de todo um povo, do povo palestiniano, não só com o beneplácito dos EUA e da NATO, mas com o armamento por eles fornecido.
Por outro lado, são enormes os perigos associados à guerra na Ucrânia, designadamente com as recentes ameaças de participação, agora aberta, de países membros da NATO no conflito, numa estratégia de instigação e alastramento da guerra, indo ao encontro das próprias palavras do Secretário-Geral da NATO de que “devemos estar preparados para um conflito de longo prazo”.
Não, a guerra não é nem pode ser solução. Os povos pretendem viver em Paz e só esta permite o desenvolvimento harmonioso da humanidade. Mais do que nunca importa inverter o atual rumo belicista e caminhar no sentido do desarmamento geral, simultâneo e controlado, utilizando as verbas da guerra para a resolução dos problemas que afligem os povos.
Sim, nós sabemos que, para além de estar ao serviço da hegemonia dos EUA, a indústria de guerra tem sido muito importante para a sua economia, com as empresas de armamentos a obterem lucros fabulosos, mas à custa dos povos um pouco por todo o mundo. Com esse dinheiro, quantos hospitais, maternidades, escolas e outros equipamentos se teriam construído? Quanta habitação? Quantos géneros alimentares, medicamentos e outros bens de primeira necessidade se teriam produzido? Quantas mortes se teriam evitado? Esse dinheiro poderia e pode ser colocado ao serviço da humanidade, pela erradicação da pobreza e da doença, pelo acesso à educação e à fruição.
A solução passa pela Paz. É isso que anseiam os povos de todo o mundo, designadamente os da Ucrânia, da Rússia e do Médio Oriente.
Como sempre foi defendido e o tempo tem vindo a reforçar essa ideia, o fim da guerra na Ucrânia passa pela urgente abertura de negociação com vista a alcançar uma solução política, no cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Ata Final da Conferência de Helsínquia.
Também no Médio Oriente a solução passa pelo cumprimento das resoluções das Nações Unidas, designadamente quanto à criação do Estado da Palestina, com as fronteiras de 1967 e capital em Jerusalém Oriental e no respeito do direito ao regresso dos refugiados palestinianos.
Sim, a vontade dos povos de viver em Paz sobrepõe-se à dos senhores da guerra.