Segundo a Associação Conquistas da Revolução, na I República, o sindicalismo português consolidou-se e ampliou-se, assumindo então o 1º de Maio, características de ação de massas. Durante o fascismo, com todas as restrições ao exercício de reunião e manifestação, os trabalhadores portugueses souberam sempre encontrar as formas adequadas de contornar todos os obstáculos. No 1.º de Maio de 1962, em Lisboa, manifestaram-se 100 mil pessoas, no Porto 20 mil e em Setúbal 5 mil, naquele que foi até então, o mais poderoso Dia do Trabalhador da história do movimento operário português.

Ficará ainda na história do operariado português, como um dos seus mais altos momentos, a luta dos mais de 200 mil assalariados agrícolas dos campos do Alentejo e do Ribatejo. Trabalhadores agrícolas que até então trabalhavam de sol a sol, impulsionados pela manifestação de força do 1º de Maio de 1962, impõem aos latifundiários e ao governo de Salazar a jornada de oito horas diárias. O 1.º de Maio de 1974 foi composto por uma extraordinária massa humana que, logo a seguir ao 25 de Abril, veio para a rua defender a democracia e lutar por direitos laborais, sociais, políticos e culturais.

A 27 de maio de 1975, é decretado o salário mínimo e a pensão social. O governo provisório decide “adoptar um conjunto de disposições que simultaneamente possam abrir caminho para a satisfação das justas aspirações das classes trabalhadoras e dinamizar a actividade económica”. Em junho de 1974, com o país confrontado com um grave problema de habitação, o governo aprova um programa de ações prioritárias a ser executadas pelo Fundo de Fomento da Habitação. Em abril do ano seguinte, com Vasco Gonçalves à frente do executivo, incrementou-se a construção de habitação, através da promoção directa pelo Estado, das Cooperativas de Habitação, da promoção privada através dos Contratos de Desenvolvimento da Habitação e do projecto SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local).

No fim de julho de 1974, Portugal reconhece formalmente o direito à independência das colónias. Em agosto, o governo revoga o regime de proibição da greve e do “lock-out” e reconhece a greve como um factor económico e social que importa regular em ordem a determinar e estabelecer as formas e garantias do seu exercício e da defesa de outros direitos fundamentais. Em setembro, com a assinatura de Vasco Gonçalves e Maria de Lurdes Pintassilgo, aprova-se o direito à previdência na situação de desemprego. No mesmo mês, decreta-se a nacionalização do Banco de Angola, Banco Nacional Ultramarino e do Banco de Portugal. No campo agrícola, em novembro, abre-se caminho ao arrendamento de terras incultas. Poucos dias antes do Natal de 1974, os pensionistas conquistam o direito ao subsídio de Natal. No último dia de 1974, sai o decreto de democratização das escolas. As formas autoritárias de governo dos estabelecimentos de ensino superior foram, em movimentos espontâneos, substituídas por formas de tendência democrática extremamente variadas, explica a Associação Conquistas da Revolução, tendo o governo provisório entendido, à data da publicação do DL806/74, ter chegado o momento de institucionalizar a democratização dos estabelecimentos de ensino superior, aproveitando o que de válido houve nas diversas experiências tentadas.

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