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Autarquia de Lisboa acompanha homenagem a Vasco Gonçalves

O General Vasco Gonçalves, militar de Abril e primeiro-ministro de 4 governos provisórios, vai ser homenageado com um monumento, em Lisboa, que será concebida pelo arquiteto Siza Vieira.
O presidente da autarquia, Carlos Moedas apoia a iniciativa da Associação Conquistas de Abril.

Vasco Gonçalves foi primeiro-ministro de 4 governos provisórios, 1974 e 1975.

A iniciativa partiu da Associação Conquista da Revolução que tem como sua figura primeira a o General Vasco dos Santos Gonçalves, uma figura incontornável da Revolução do 25 de Abril, quer pela sua participação na revolução, quer pelo seu papel, enquanto primeiro-ministro de 4 governos provisórios entre 17 de julho de 1974 a 12 de setembro de 1975.

Esta iniciativa foi apresentada em reunião da Câmara Municipal de Lisboa, realizada a 28 de julho deste ano, pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral desta Associação, o engenheiro Manuel Bacelar Beganha, em 1975 capitão-tenente, engenheiro maquinista naval e da Comissão Dinamizadora do MFA.

Durante esta sessão de Câmara, o presidente da autarquia, Carlos Moedas, foi confrontado com uma intervenção de Manuel Beganha, falando das tentativas infrutíferas para marcar reunião com o presidente da autarquia, no sentido de avaliar este projeto de construção de um monumento em Lisboa, no local onde o General Vasco Gonçalves nasceu, projeto que tinha já a adesão do arquiteto Siza Vieira.

Na sessão o presidente da autarquia mostrou a sua concordância pela homenagem, fazendo referência a outras homenagens que foram realizadas a Vasco Gonçalves, manifestando logo disponibilidade para trabalhar com a Associação no projeto: “Será sempre uma honra e um gosto continuar a homenagear o senhor General Vasco Gonçalves. Em relação concretamente à construção de um monumento, penso que trabalharemos convosco um bocadinho mais na definição. Mas vamos trabalhar nesse sentido. Vou dar ordem ao senhor vereador da Cultura para que se possa começar a trabalhar nesse sentido.” disse Carlos Moedas.

A Associação Conquista de Abril promoveu, por todo o país, a homenagem ao General Vasco Gonçalves na data (3 de maio) que assinalou o centenário do seu nascimento. A sessão de encerramento das comemorações decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa, onde foi passado um filme de uma entrevista do General realizada em 1999.

Nessa entrevista Vasco Gonçalves, face à ideia de que a economia do país foi afetada com o processo de nacionalizações e a Reforma Agrária promovidas pelos governos provisórios dos quais Vasco Gonçalves fez parte como primeiro-ministro, o General lê um relatório da OCDE de 1975 no qual esta organização refere que a economia no país durante este período “apesar das grandes alterações”, estava “surpreendentemente saudável”.

“Se há uma potencialidade perigosa para novos declínios reais, no produto e no rendimento mais desemprego e inflação há também a potencialidade para uma forte recuperação”, diz Vasco Gonçalves citando o documento e acrescenta voltando a citar: “Para um país que recentemente passou, através de fortes reformas sociais, um mar de mudanças na sua posição no Comércio Externo e seis governos revolucionários nos últimos 19 meses, Portugal goza, inesperadamente, de boa saúde económica”.

E o relatório da OCDE citado por Vasco Gonçalves, apresenta números em comparação com a Alemanha Ocidental a Itália e os próprios Estados Unidos: “Se o produto interno bruto caiu claramente em 1975, o declínio não foi precipitado. A melhor estimativa é de uma diminuição de 3% no Produto Interno Bruto (PIB). Em comparação com outros países da OCDE a experiência portuguesa não parece ser muito pior que a média. De facto, o desempenho da sua economia foi extremamente robusto quando as incertezas políticas de 1975 são levadas em conta. Em comparação, o declínio do PIB dos Estados Unidos foi de 3%, o da Alemanha Ocidental próximo dos 4% e da Itália quase 4,5 %”.

Diz na entrevista Vasco Gonçalves: “Aquilo que para os autores do relatório era surpreendente, não era para os responsáveis pela política económica dos governos provisórios”. O General assegura que “foram precisamente as mudanças estruturais, as nacionalizações da Banca e dos Seguros, dos setores básicos da produção, comunicações e transportes, a Reforma Agrária, a participação dos trabalhadores, as melhorias salariais que salvaram a nossa economia do colapso”, concluía o General.

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