Opinião

Palestina

Israel está a matar toda a vida em Gaza

Israel continua a exterminar o povo palestiniano. O regime sionista já utilizou cerca de 85 mil toneladas de explosivos em Gaza – fornecidas pelos Estados Unidos, União Europeia e outros parceiros do Ocidente – que provocaram a morte directa e indirecta de cerca de 10% da população e deixaram centenas de milhares de feridos e estropiados.

Israel não está somente a exterminar um povo, mas também ecossistemas, recursos naturais e meios de subsistência – tornando toda uma região numa biosfera tóxica.

42 milhões de toneladas de detritos provocadas pelas explosões israelitas

De acordo com o Instituto das Nações Unidas para a Formação e Investigação (UNITAR), existem em Gaza cerca de 42 milhões de toneladas métricas de detritos, provocados pelas explosões e bulldozers israelitas. Em média, cada metro quadrado da Faixa de Gaza contém cerca de 114 quilos de detritos.

Os detritos representam riscos para a saúde humana e para o ambiente, devido ao pó e à contaminação do solo com munições não detonadas, amianto, resíduos industriais, médicos e outras substâncias perigosas, para além do aparecimento de pragas provocadas pelos restos humanos enterrados sob os escombros.

O amianto, que é altamente cancerígeno sob a forma de poeira, é comummente utilizado na construção em Gaza, aumentando ainda mais o risco de cancro através da inalação. Este tipo de poeiras contaminadas já tinham sido encontradas após os bombardeamentos da Faixa de Gaza por Israel em 2021.

Na sua avaliação preliminar divulgada a 18 de junho de 2024, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) estimou que mais de 800.000 toneladas de detritos em Gaza estariam provavelmente contaminados com amianto.

O bombardeamento constante de Gaza, além de provocar a perda de vidas humanas, tem consequências ambientais nefastas. Por exemplo, a explosão de bombas como a Mark 82, de fabrico norte-americano – que o exército israelita tem lançado incessantemente em Gaza – produz temperaturas de 2000.ºC , provocando assim a morte de toda a matéria orgânica presente no solo e a perda total da sua fertilidade.

A acrescentar à deterioração do solo provocado por bombas, está a destruição de árvores e culturas provocadas por centenas de tanques e escavadoras – cerca de 75% das terras agrícolas da Faixa de Gaza foram destruídas por Israel. A maquinaria militar pesada usada pelo exército israelita está a destruir completamente a superfície do solo, provocando a compactação do mesmo e a perda de permeabilidade – o que implica a sua dessecação total.

O processamento dos restos dos edifícios destruídos levará décadas. Segundo um  estudo da Universidade de Edimburgo, serão emitidas cerca de 80.000 toneladas de CO2 somente na limpeza do terreno. A reconstrução de Gaza emitirá um total de 60 milhões de toneladas de CO2.

As emissões totais provenientes das atividades de guerra direta, nos primeiros 120 dias do genocídio, estão estimadas em mais de 600.000 toneladas de gases com efeito de estufa.

Contaminação da água e subsolo

Em Outubro de 2024, a Autoridade Palestiniana da Água informava que mais de 85% das instalações de água e esgotos de Gaza foram total ou parcialmente destruídas. Os poucos campos cultivados são irrigados com água proveniente do subsolo, com um nível de sal demasiado elevado – cerca de 4.000 mg/L. O valor aconselhável não deveria exceder os 500 mg/L. Com a destruição de todas as estações de tratamento de esgotos em Gaza, as águas residuais estão a ser descarregadas diretamente no Mediterrâneo, contribuindo para uma crise crescente de doenças transmitidas pela água, especialmente entre as crianças. Existem, pelo menos, 72 acumulações de água pútrida em Gaza. Estas lagoas acumulam um milhão de metros cúbicos de águas residuais não tratadas. A quantidade de águas residuais que penetram nas águas subterrâneas no sul da Faixa de Gaza é de 10.200 metros cúbicos por dia .

A contaminação dos recursos hídricos subterrâneos relacionada com o conflito surge da infiltração da poluição superficial, bem como da decisão das Forças de Defesa Israelitas (IDF) de bombear água do mar para a rede de túneis no subsolo de Gaza.

Antes de 7 Outubro de 2023, cerca de 13 mil metros cúbicos de esgotos brutos fluíam diariamente de Gaza para o mar. Mas agora, segundo o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), estima-se que este número tenha disparado para os 130.000 metros cúbicos diários.

Existem cerca de 63 aterros irregulares criados junto aos acampamentos de deslocados palestinianos, que acumulam um total de 1,2 milhões de toneladas de resíduos sólidos.

Israel está a matar o povo e a terra da Palestina. O colonialismo da elite ocidental alimenta o holocausto perpretado pelo regime sionista. A destruição de ecossistemas vai trazer consequências devastadoras para todos os seres vivos da região. Temos que parar o monstro Israel.

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