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Jornais Centenários do Brasil e Portugal apresentam candidatura à UNESCO

Inaugurada no dia 11 de setembro, a exposição Jornais Centenários do Brasil e Portugal: Um Legado Cultural, que se pode ver no Paço dos Henriques, Alcáçovas, Viana do Alentejo, até ao próximo mês de abril, é o tiro de partida das atividades do Observatório dos Jornais Centenários. João Palmeiro, presidente da direção da Associação Portuguesa de Imprensa e curador português da mostra, anunciou ainda naquele dia a candidatura dos jornais centenários ao programa Memória do Mundo, da UNESCO.

A colecção exposta apresenta 57 publicações centenárias, portuguesas e brasileiras.

A iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura foi lançada em 1992 e destina-se a reconhecer a importância dos documentos escritos para a memória mundial, e a promover medidas para a sua preservação e apoio. O Tratado das Alcáçovas, assinado no Paço dos Henriques, a 4 de setembro de 1479, assinalou a paz entre Afonso V e os reis Católicos, definiu pela primeira vez a divisão do mundo entre os reinos ibéricos, e acabou por ser substituído pelo Tratado de Tordesilhas. Este segundo tratado é um dos dez bens portugueses inscritos no programa Memória do Mundo.

De acordo com João Palmeiro, citado pelo Diário do Sul TV, pretende-se que a UNESCO reconheça também os jornais centenário: “os conteúdos dos jornais que são escritos há mais de 100 anos têm a mesma importância para a comunidade internacional e merecem ser reconhecidos como memória do mundo, e ser objeto de medidas de preservação e apoio.

Com iniciativas como a da exposição dos Jornais Centenários do Brasil e Portugal, e da candidatura à Memória do Mundo da UNESCO, os responsáveis do Observatório e Centro de Estudos sobre jornais e publicações periódicas querem que este se torne um polo de conhecimento mundial sobre os jornais centenários. A investigação do papel histórico, antropológico e ideológico destes periódicos é uma das linhas do programa científico do Observatório. Outra é a do contributo dos jornais centenários para uma visão livre e equilibrada do mundo.

A colecção agora exposta apresenta 57 publicações centenárias – tanto portuguesas como brasileiras. Publicados todos ininterruptamente há mais de 100 anos, estes jornais testemunham a história do jornalismo, da imprensa e da língua portuguesa dos dois lados do Atlântico. Dois séculos de história e dos grandes acontecimentos mundiais retratados desde 1825 pelo Diário de Pernambuco, do Recife, o periódico mais antigo da exposição, e quase outros tantos pelo Açoriano Oriental, fundado em 1835, na Ilha de São Miguel – o jornal que há mais tempo se publica em Portugal.

Em paralelo à exposição, apresentam-se ainda 22 retratos de personalidades do jornalismo e da cultura, fotografadas por António Homem Cardoso. Entre elas contam-se José Saramago, o nobel da literatura português cujo centenário de nascimento se assinala este ano, ou Maria de Lurdes Pintasilgo, a única primeira-ministra de Portugal. Estes trabalhos serão reunidos em Alcáçovas a partir de 2023, no futuro Museu Galeria do Retrato Fotográfico Português.

A exposição tem curadoria de João Palmeiro e de Múcio Aguiar Neto, director do Diário de Pernambuco, e é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Imprensa e da Associação da Imprensa de Pernambuco, em parceria com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo, e com a Junta de Freguesia de Alcáçovas. Pode ser visitada até abril, de terça a domingo, entre as 10h e as 13h e das 14h às 18h.

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