Nascido naquele concelho, em 1898, mas cedo radicado em Lisboa, ele destacou-se no antigo movimento sindical livre ainda no tempo da 1ª República.
Primeiro na Juventude Sindicalista, onde preponderava a ideologia anarquista. Foi aí dirigente do núcleo de trabalhadores da indústria do vestuário.
Depois no sindicato dos operários alfaiates de Lisboa, de cuja direção foi presidente pelo menos duas vezes – em 1925 e em 1930.
A nível político, aderiu ao Partido Comunista Português logo de início. Em 1924 era seu dirigente local, na freguesia de Arroios. E permaneceu militante deste partido até falecer – em 1992.
Resistência ao fascismo
Como sindicalista, já tinha sido brevemente preso político sob a 1ª República. Mas depois, sob a ditadura militar e sob a ditadura de Salazar, foi preso em 1931, em 1935, em 1943, em 1956 e ainda em 1963. Somou um total de quase oito anos de cárcere e deportação, em Timor, no Aljube, em Peniche, em Caxias, e em Angra do Heroísmo.
Foi um destacado resistente antifascista.
Na clandestinidade, chegou a ser secretário-geral da secção portuguesa do Socorro Vermelho Internacional. Era uma organização ligada ao PCP, que actuava no apoio a presos políticos e suas famílias, bem como na denúncia da repressão.
Já nas campanhas públicas condicionadas que a ditadura permitia em breves períodos, ele “pertenceu ao MUD e participou activamente nas campanhas presidenciais de Norton de Matos, Arlindo Vicente e Humberto Delgado” [Avante, 03.12.1992, p.5].
Associativismo
Outra vertente da actividade de Manuel Guilherme de Almeida foi a sua dedicação ao movimento cooperativo e a associações de solidariedade social.
Aqui na Rua da Voz do Operário, foi membro da direção e presidente da assembleia geral da cooperativa Caixa Económica Operária.
No seu sector profissional, integrou os corpos sociais da Associação de Socorros Mútuos dos Alfaiates de Lisboa. Foi também um dos fundadores e presidentes da associação “Casas de Repouso dos Alfaiates de Portugal”, a qual inaugurou um pequeno lar de idosos em 1948.
N’A Voz do Operário
Na biografia de Manuel Guilherme de Almeida cabe sublinhar a sua acção na sociedade A Voz do Operário. Nas décadas de 1940 e 1950, foi várias vezes eleito para um órgão consultivo que nessa época funcionava junto da direção, a comissão de pareces. Foi mesmo presidente desta comissão em pelo menos quatro mandatos (em 1949 e 1950, e de novo em 1952 e 1953).
Nessas funções, ele foi um de muitos antigos sindicalistas que contribuíram para que a A Voz do Operário sobrevivesse durante os longos anos de ditadura.
Só no sector dos alfaiates, é justo recordar aqui outros dois desses sindicalistas: Alberto Monteiro (falecido em 1954), que foi presidente da assembleia geral; e Joaquim Ferreira Bastista (falecido em 1959), muitos anos 1º secretário da assembleia-geral.