Entrevista

Marcha Infantil

“Há uma alegria e esperança no ar”

Vão ser o padrinho e a madrinha da Marcha Infantil A Voz do Operário. Filho de Maria João Abreu e José Raposo, o ator Ricardo Raposo, com 29 anos, tinha apenas seis meses quando participou na telenovela “Cinzas” e, agora, aparece nos ecrãs em “Amor, Amor”. Como muitos outros pais, escolheu A Voz do Operário para os seus filhos. Também Cecília Henriques tomou esta opção. Esta atriz de 32 anos já participou em várias séries e filmes e vai desfilar ao lado de Ricardo Raposo nas Marchas Populares.

Ambos são actores. Em que momento sentem que está a vossa carreira?

Ricardo Raposo – Neste momento específico, estou numa fase bastante singular. Tive a minha participação numa novela, que é alvo de bastante audiência, pelo que sinto um grande reconhecimento e apreço na rua diariamente, e essa é a melhor retribuição que se pode ter nesta profissão.

Cecília Henriques – Por mais que sinta que já tenho uma carreira segura e por trabalhar em televisão, consigo ter uma vida financeira estável. Ser artista em Portugal traz uma precariedade imensa associada. A cultura precisa de mais garantias e mais esforço por parte dos nossos governos.

Quando é que conheceram A Voz do Operário?

RR – Eu já conheço há bastante tempo o projeto, a instituição e os moldes, mas desde que fui obrigado a procurar escolas para os meus filhos aprofundei o conhecimento pelo MEM (Movimento da Escola Moderna) que é o praticado desde a creche e é como faz sentido os meninos serem acompanhados.

CH – Conheci a Voz porque tenho muitos amigos que têm aqui os filhos. Ouvi falar maravilhas do método de ensino e quis logo pôr a minha Celeste aqui. A ideia de comunidade e de partilha social é muito importante para mim e quero passar isso para a minha filha. Tenho um grande carinho por todas as educadoras e auxiliares. São incríveis!

O que significa para vocês serem padrinhos da marcha infantil A Voz do Operário?

RR – É uma honra, por ter filhos a frequentar e por ser uma instituição com o relevo que tem. Além de ter a certeza que vou comer boas sardinhas.

CH – Adoro os Santos populares. Acho que fazem parte da nossa cultura popular e fico muito contente que os pequeninos tenham vontade de fazer parte dela. Que nunca se esqueça da história, é muito importante. E fico muito feliz por saber que eles se divertem em continuar com esta tradição tão bonita.

Acham que vai ser um ano especial depois de dois anos sem Festas de Lisboa?

CH – As festas de Lisboa são estruturantes para a vida de alguns bairros, como a Mouraria, onde vivo, por exemplo. Sentia uma grande tristeza nas pessoas dos bairros por estarem há tanto tempo sem festas. Há bairros que são financeiramente dependentes destas festas. Por isso, há uma alegria e uma esperança no ar. Ainda que muito tenha de ser feito para suprimir esta ausência de dois anos. Os bairros deviam ser das pessoas que lá vivem. E cada vez menos pessoas tem condições para viver em Lisboa. Se as rendas continuarem assim, as pessoas vão todas sair daqui e esta história vai-se perder em contos. Fico muito triste com isso.

RR – Vai ter uma energia triplicada. As pessoas sentiram-se muito privadas de socializar e de se divertir nestes tempos negros.

É a vossa primeira vez nas Marchas?

Vão estar nervosos?

RR – É a primeira, se bem que na minha infância acompanhei muitos anos os meus pais, enquanto padrinhos da Marcha da Penha de França. Acima de tudo, é uma festa que me deixa muito alegre, é muito portuguesa e as boas tradições devem ser passadas, ainda por cima na Marcha Infantil, não havendo concorrência, não há sequer risco de perdermos, é só pura diversão.

CH – É a primeira vez, sim! Não estou nervosa. Estou contente e feliz pelas Festas de Lisboa, pelas famílias dos bairros e pelas crianças.

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