No dia 5 de novembro, o Espaço Educativo da Ajuda d’A Voz do Operário foi a Palmela ver um espetáculo de teatro no espaço d’o Bando.

Poderá parecer à partida estranho levar crianças de uma escola de Lisboa, uma cidade com tanta oferta cultural, a ver um espetáculo que fica a quase 50 quilómetros de distância da escola. Poderá até parecer esquisito levar um grupo de crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos a ver um espetáculo baseado num texto que o Afonso Cruz escreveu para adultos.

E de facto estas seriam questões pertinentes se estivéssemos a falar de um espetáculo qualquer. Sabemos de antemão que quando nos deslocamos a Palmela para ver um espetáculo d’o Bando, não há nenhum pormenor que tenha sido deixado ao acaso. Mas para entenderem isto, terão de lá ir e ver como é.

Ir com um grupo de crianças é saber que, no final, haverá espaço e tempo para conversar sobre o que vimos. Ir como responsável de um grupo de crianças, é sentir um orgulho enorme quando elas começam a fazem questões inteligentes depois de terem visto uma peça que não era nada fácil.

O texto era complexo, e era tudo menos infantil. Nos dias de hoje, criar um espetáculo aberto a escolas que fala sobre a vida real que felizmente não é a nossa mas que é a realidade de muitas famílias, em vários países que vivem o flagelo da guerra e mostrar às crianças uma história que não nos fala sobre coisas bonitas, fadas ou princesas é um ato de coragem.

Levar as crianças a sentir o peso da diferença e da igualdade, sobre como podemos ser tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais é urgente e acreditamos que foi um complemento daquilo que tentamos na escola um dia depois do outro, depois do outro.

Chegar ao fim e ter o privilégio de conversar com a equipa que fez o espetáculo, fazermos as perguntas que quisermos, dar a nossa opinião porque eles querem verdadeiramente ouvir é muito bom. Fazer isto tudo em pleno parque natural da Arrábida são razões mais do que suficientes para reduzir a distância física que sentimos entre nós.

Obrigada ao Bando por existir e por nos receber tão calorosamente cada vez que lá vamos.

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