Voz

Voz

A Voz do Operário em documentário na RTP2

Em outubro, estreou na RTP2 o documentário realizado por Miguel Costa, sobre a história d’A Voz do Operário, uma ideia de Teresa Paixão, diretora do canal público de televisão, que seguiu uma evolução narrativa consubstanciada por depoimentos e imagens que contou também com diversas recriações históricas demonstrativas do trabalho operário dos tabaqueiros e da fundação da instituição.

À conversa com o jornal A Voz do Operário, Miguel Costa confessou que não sendo de Lisboa conhecia mal o objeto de investigação. “A Voz do Operário é conhecida por quase toda a gente e não fazia ideia da dimensão. Foi fantástico realizar este documentário porque foi uma descoberta de elementos muito interessantes. Desde logo a longevidade. Depois, talvez o mais importante, o facto de terem sido os trabalhadores a juntarem-se para formarem um jornal operário quando a maior parte deles era analfabeta e, posteriormente, para darem educação aos próprios operários mas principalmente os filhos dos operários.”

O trabalho de investigação retrata precisamente um período da história em que 80% da população era analfabeta e o papel de organizações como AVoz do Operário foram decisivas na criação de escolas para o ensino.

“Para mim, foi um processo muito interessante, de grande aprendizagem e no qual percebi que a maioria das pessoas com quem falei e que estão liga- das à instituição tem um grande respeito pel’A Voz e muitos deles trabalham em regime de voluntariado”, sublinhou o realizador.

Miguel Costa explicou à A Voz do Operário que demorou seis meses a realizar o documentário, que incluiu tempo de pesquisa, entrevistas e recreaçãode episódios da história da instituição. “Fizemos a parte do trabalho dos operários tabaqueiros nos Açores porque encontrámos um sítio que é o Museu do Tabaco na Maia, Ribeira Grande, que foi uma fábrica de tabaco até aos anos 80. Eles têm uma parte dessa fábrica que foi usada precisamente no final do sécu- lo XIX. Portanto, eles têm toda aquela parte da secagem do tabaco ainda, o que é interessantíssimo. Os figurantes tinham sido trabalhadores ali e houve uma ligação muito forte. Eles sabiam exatamente o que fazer”, descreveu o realizador.

Outra das intensões foi a recriação da fundação do jornal A Voz do Operário há precisamente 140 anos. Miguel Costa explicou que a equipa de produção ainda investigou os traços arquitetónicos do edifício onde foi a primeira sede da publicação e acabaram por fazer a representação desse momento na sede do PCP nas Caldas da Rainha. “Teve muita piada porque havia gravuras de Karl Marx e uma ligação emocional, mesmo em termos de espaço. Trabalhámos com alguns atores como o Vítor Santos, que faz de Custódio Braz Pacheco, o Cândido Ferreira fez de operário com dificuldades em respirar e o Nuno Machado faz de Custódio Gomes. Os outros atores eram figurantes ligados ao teatro amador”, contou.

Artigos Relacionados