Uma instituição com 136 anos de história

Fevereiro foi mês de festa merecida na Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário. Há 136 anos, os operários tabaqueiros que haviam fundado o jornal A Voz do Operário quatro anos antes, decidiram lançar esta instituição batizada com o mesmo nome que a publicação. O objetivo era o de sustentar o jornal, levar apoio social ao operariado, procurando melhorar as suas condições de vida e trabalho, e dar instrução e educação aos filhos dos trabalhadores. Hoje, é um projeto de raízes sólidas, reconhecido publicamente, que se mantém fiel aos seus valores iniciais e que assenta a sua atividade no ensino através de um modelo pedagógico alternativo em sete diferentes espaços educativos localizados na Graça, Ajuda, Restelo, Baixa da Banheira, Lavradio e Laranjeiro. A instituição desenvolve diferentes serviços de apoio social através do seu refeitório, do serviço de apoio domiciliário e do seu centro de convívio. Simultaneamente, a profusão de atividades desportivas e culturais faz parte da vida d’A Voz do Operário desde o seu nascimento.

A festa que coloriu os espaços d’A Voz

Na Graça, o dia 13 de fevereiro arrancou com os alunos do pré-escolar e do 1.º ciclo a fazerem-se ouvir logo pela manhã entre comunicações de projetos, textos, poemas, hinos e músicas que contagiaram todos os locais por onde passaram, distribuindo jornais por eles elaborados e fazendo algumas entrevistas aos turistas de modo a divulgar todo o trabalho e impacto desta forma de aprender e crescer. Já o 2.º ciclo recuou no tempo e, vestidos de ardinas com o rigor que a época pedia, recordou através de pequenas apresentações e leituras, como graças a este dia, há 136 anos, A Voz do Operário consegue, hoje, promover uma iniciativa de confiança, de liberdade e de respeito. Os alunos cantaram os hinos d’A Voz à porta da nossa instituição e, na mesma ocasião, relembraram Custódio Brás Pacheco, fundador d’A Voz do Operário, e as suas palavras “soubesse eu escrever e já há muito que tínhamos um jornal…”.
Professores, educadores e crianças montaram ainda uma exposição aberta a quem a quisesse visitar à entrada da instituição, sendo que nesta era visível todo o trabalho desenvolvido pelas diferentes valências do Espaço Educativo da Graça. Ao circular pelos corredores, expositores, fotografias e textos elaborados por quem vive o espírito d’A Voz do Operário diariamente, seria impossível que os visitantes não se questionassem sobre o papel desta instituição para a vida de quem dentro dela cresce. Através de todos os registos expostos cada olhar confirmava como esta instituição contribui para a formação de futuros cidadãos e cidadãs e como, pelo trabalho desenvolvido dentro do grande edifício que é A Voz do Operário, cada criança sabe que tem um papel fundamental num clima de livre expressão, constituindo-se como um contexto onde a partilha com todo o grupo – possibilitando a construção de conhecimento, edificando valores e acrescentando sentidos aos recursos de aprender – está presente.
O dia acabou no Largo da Graça com todos os funcionários, alunos e crianças de todas as valências unidos para celebrar A Voz do Operário, cantando com orgulho o hino desta instituição. 

No Espaço Educativo do Restelo, o aniversário foi vivido, acima de tudo, numa lógica de partilha. Foi projetado um vídeo sobre a história da instituição, onde todas as crianças puderam conhecer um pouco mais d’A Voz do Operário, desde a sua origem até aos dias de hoje. Em cada grupo, houve momentos de partilha sobre a vida da escola e da instituição, adaptados às diferentes realidades. Para que toda a comunidade pudesse manifestar o seu carinho, foi construído um painel com cartões onde todos, trabalhadores, crianças e famílias, pudessem deixar uma mensagem de felicitações. Os parabéns foram cantados no recreio para que todos sem excepção pudessem marcar presença num dia que se organizou também uma feira do livro.

A comunidade educativa do espaço da Ajuda juntou-se no mesmo dia para comemorar os 136 anos da instituição. Nas salas, cada grupo confecionou iguarias para a festa e as crianças decoraram o recreio para ficar vestido a rigor para este dia feliz.

No Laranjeiro, as comemorações ocorreram em dois dias com atividades distintas. No dia 13 de fevereiro, fez-se uma distribuição de jornais e informações sobre a escola na freguesia. As crianças dividiram-se em grupos por sala e percorreram diferentes zonas da freguesia contactando com as pessoas, abordando-as e falando-lhes da instituição e do aniversário. Na escola, como tem sido prática, os grupos trabalharam em torno da história d’A Voz do Operário, a sua fundação e valores. Cantaram os parabéns e comeram os bolos que fizeram durante a semana. No dia 16 de fevereiro,  sábado, a escola esteve aberta toda a manhã. Aí foram recebidas famílias e as crianças para um dia aberto e de convívio em torno do aniversário e foi realizada uma venda dos vários produtos que as crianças fizeram durante a semana. 

Com uma distribuição do jornal e contacto com a população, as crianças do Espaço Educativo do Lavradio celebraram o aniversário da instituição. As meninas e meninos, com a participação de alguns pais, fizeram um bolo de grandes dimensões e montaram uma banca na rua distribuindo fatias pelas pessoas que iam passando. Durante a semana, procurou-se associar o aniversário da instituição ao jornal que lhe deu origem através de um trabalho de pesquisa em torno da publicação.

Na Baixa da Banheira, o aniversário ficou marcado também por uma festa no dia 13 de fevereiro na qual participaram crianças, pais e trabalhadores mas no mês anterior cada sala de pré-escolar e a valência de creche, em conjunto com as crianças e famílias, decidiram que tipo de contributo poderiam dar para melhorar as condições da escola. Trabalhadores e pais ficaram responsáveis pela conceção e desenvolvimento de um projeto de melhoramento da entrada da escola envolvendo a pintura e decoração desse espaço e a criação de uma horta. Nas salas de pré-escolar, desenvolveram vários projetos que foram desde a conceção e construção de jogos, construção de uma parede musical e construção de uma parede de escalada à decoração das árvores e do recreio.

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