Opinião

Mobilidade

Comboios versus Autocarros

Era princípio consensual entre aqueles que se debruçam sobre as questões da mobilidade, que os transportes pesados, entre eles os caminhos de ferro, são vocacionados para a ligação dos polos urbanos, a chamada malha larga, cabendo aos transportes ligeiros o serviço na chamada malha fina.

As interfaces eram elementos importantes neste sistema de complementaridade entre os diferentes modos de transportes.

Talvez por força de uma qualquer moda contra a corrente ambiental, aparece a público uma nova ideia para dar resposta aos problemas da mobilidade, no eixo Lisboa-Cascais: a construção de um corredor bus na autoestrada que liga aquelas localidades, a A5.

 Ninguém disse que era para substituir a linha de caminho de ferro entre Cais do Sodré e Cascais, mas como nada se faz para reabilitar aquela infraestrutura e adquirir o material  circulante para substituir o que faz atualmente o serviço, o tempo acabará por cumprir os objetivos dos que não a vêm viva, mas mal enterrada.

Já fizemos nesta coluna a comparação com o metro ligeiro, pelo que, por facilidade, vamos comparar a oferta dos dois modos de transporte agora em presença, seguindo o mesmo tipo de exemplo. 

Comecemos por referir que num trajeto do tipo do anunciado não concebemos que, por razões de segurança, haja pessoas de pé como se de um transporte urbano se tratasse, o que implicará um número mais reduzido de passageiros por metro quadrado.

Assim, e admitindo que se trata de um tipo de autocarro especial, admitamos a lotação de 100 pessoas, o que comparando com um comboio que pode transportar 1344 passageiros, consideremos que corresponde a 13 autocarros.

Apesar dos cortes na oferta que a degradação contínua dos comboios sofre, fazem-se na hora de ponta 10 comboios por hora.

Facilmente se conclui que teriam de chegar 130 autocarros por hora para uma oferta do mesmo tipo, ou seja, um autocarro a cada 28 segundos.

Em termos ambientais, para quem tanto defende os modos menos poluentes nem é preciso argumentar.

Mesmo que digam que se manterão as duas porque a linha de Cascais irá ser reabilitada, há outra comparação a fazer. A dos custos de investimentos a fazer em cada opção, mas fica para outro momento.  

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