No mês em que A Voz do Operário começa as comemorações do seu 140.º aniversário, que se assinala em outubro, vestimos o nosso jornal com uma ilustração de Tiago Albuquerque e brindámos aos que carregaram em ombros durante quase século e meio a árdua tarefa de manter este órgão que é bem mais do que tinta e papel. É um organismo vivo de mulheres e homens. É um testemunho de resistência para os tempos que vivemos. Na era do chumbo e da mentira, esta é uma cidade sem muro nem ameias como cantou Zeca Afonso.
Nesta edição, juntou-se a nós o mais conhecido avô das meninas e dos meninos d’A Voz do Operário. Carlos Alberto Vidal, que é muito mais do que o Avô Cantigas, é não só o entrevistado do mês como vai ser homenageado passando a ser sócio honorário da instituição.
E este é também o mês da juventude e das suas lutas. Em Almada, os jovens contestam a retirada da Casa da Juventude pela autarquia. Tanto os estudantes do ensino secundário como os trabalhadores jovens vão sair à rua pelos seus direitos e para assinalar a resistência à ditadura fascista derrotada há 45 anos. É também o mês das mulheres saírem à rua pelo direito à igualdade. Depois da importante greve dos trabalhadores da administração central e local, os professores também se preparam para mais uma grande jornada nacional de luta pela contagem integral do tempo de serviço.
Parece ser, hoje, bastante claro que houve recuperação de direitos e alguns avanços com a atual solução política governativa mas também parece cada vez mais óbvio que o PS só o fez por estar condicionado pelos entendimentos que assinou com os partidos à sua esquerda. Sempre que pode, o PS alinha-se com PSD e CDS-PP. Este é um sinal do que poderia ocorrer se eventualmente alcançasse uma maioria absoluta. Seria o PS de sempre.
É, pois, normal que se verifique um conjunto de lutas de diferentes setores descontentes com a surdez seletiva do governo.
Com as eleições europeias a aproximarem-se, agitam-se as águas políticas em torno das consequências da integração de Portugal na União Europeia. Um recente estudo do Centre for European Policy diz que cada português perdeu em média 41 mil euros com a introdução da moeda única.