Opinião

Presidente

Pela Palestina, contra o genocídio do seu povo

O povo palestiniano tem o direito à resistência, tem o direito de defender o seu país e a libertar-se das amarras que lhe são impostas pelo ocupante.

Imaginemos que estamos na nossa casa e alguém lá chega e nos diz para sair porque aquela deixará de ser nossa. Naturalmente, resistimos e a resposta é sermos assassinados. 

É horrível, não é?

Pois é isto que normalmente ocorre com a ocupação ilegítima de sucessivos territórios pelos colonos israelitas. Foi exatamente isso que aconteceu na Cisjordânia, na véspera dos acontecimentos de 7 de outubro passado.

Adicionalmente, imaginemos que habitamos numa faixa de território delimitada por um gigante muro, transformando este espaço numa autêntica prisão a céu aberto, onde vivem cerca de dois milhões de pessoas, em que todas as entradas e saídas de pessoas e também de bens são controladas do exterior, provocando condições muito degradantes para os seus habitantes, nomeadamente uma grande carência de bens essenciais. Esta era a realidade vivida na Faixa de Gaza.

Os acontecimentos de 7 de outubro foram trágicos? Foram. Morreram muitos inocentes e isso é sempre muito mau.

Mas esta história não teve início nesse dia, antes disso já tinham sido assassinados por Israel muitos milhares de palestinianos. Entre outras, recordo a operação desencadeada pelas forças sionistas contra a Faixa de Gaza em 2014, que resultou em vários milhares de mortos e muitos mais feridos.

O povo palestiniano tem o direito à resistência, tem o direito de defender o seu país e a libertar-se das amarras que lhe são impostas pelo ocupante.

Mas se a situação já era deplorável, agravou-se ainda mais com a ofensiva israelita, sob o argumento da resposta aos acontecimentos de 7 de outubro, transformando a Faixa de Gaza numa terra de horror, com muitos milhares de mortos (números oficiais acima de 40 mil, mas algumas instituições estimam que direta e indiretamente este número ascenderá a 200 mil). Ataques indiscriminados a Hospitais e Escolas. Mais de metade das mortes são de mulheres e crianças. Centenas de jornalistas, membros de organizações de ajuda, designadamente da ONU, médicos e outras profissionais de saúde assassinados. Nem os abrigos onde as pessoas se refugiam estão a salvo, sendo sistematicamente bombardeados.

A população encontra-se sem quaisquer condições sanitárias, proliferando as mais variadas doenças, designadamente a poliomielite. A fome alastra atingindo, segundo a ONU, níveis críticos em 96% da população. Trata-se de uma ação propositada da política sionista, como o comprova a declaração de um ministro israelita de que é absolutamente legítimo sujeitar os palestinianos à fome e à morte.

É importante que se diga que Israel prossegue a mesma política na Cisjordânia, tendo desde 7 de outubro assassinado neste território perto de sete centenas de palestinianos.

E a reação dos EUA e da UE? Será que estes arautos da liberdade, da democracia e dos direitos humanos fazem alguma coisa perante isto? Fazem, colocam-se do lado dos agressores. Fornecem-lhes armas, implementam e mantêm acordos comerciais, prometem-lhes proteção militar. Recebem com pompa e circunstância o principal responsável da política sionista de Israel.

A chamada comunicação ocidental, dominada pelos media dos EUA, desenvolve todo um esforço de mitigação e até de legitimação do genocídio, dando cada vez mais ênfase à versão israelita, a começar pela falsa denominação de “guerra Israel-Hamas”, ocultando que esta é uma guerra contra o povo palestiniano e que tem como objetivo a sua limpeza étnica, procurando criar as condições para inviabilizar o Estado da Palestina.

Sim, os EUA e a EU são cúmplices, se não mesmo participantes, do genocídio em curso. Tal como o estado de Israel, fazem tábua rasa das múltiplas resoluções da ONU bem como das determinações do Tribunal Penal Internacional e do Tribunal Internacional de Justiça.

Bem sei que alguns países não alinham totalmente com a cúpula da UE, tendo reconhecido o Estado da Palestina. A Irlanda vai agora mais longe exigindo o cancelamento dos acordos económicos com Israel. Porém, como a voz dominante é a dos EUA, a UE limita-se a seguir obedientemente o que o Império determina.

O martirizado povo palestiniano não está só. A sua heroica luta sairá coroada de êxito. Cabe-nos a todos manifestar a mais profunda solidariedade, denunciando a barbárie sionista e pugnando pelo Estado da Palestina.

Artigos Relacionados