Cultura

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Volta a soar música nos palcos nacionais

Por todo o país, são muitas as iniciativas culturais a decorrer este verão, numa panóplia de espetáculos que ajudam a romper o isolamento social e a debelar a crise no setor da Cultura.

Desde que acabou o confinamento, foram muitas as atividades culturais que regressaram às salas de espetáculo e às ruas e jardins, para devolver um pouco de normalidade aos dias que vivemos. A verdade é que o recuo do número de casos de internamentos e mortes permitiu aliviar as restrições e permitir a abertura de museus, restaurantes, ginásios, cinemas, teatros e outros espaços.

Com a chegada do calor e das férias, para muitos, é uma oportunidade de aliviar o isolamento. Para os artistas, é a urgência de recuperar rendimentos. Como noutras áreas da economia, a crise em que se encontra o setor é tão profunda que há profissionais da cultura a passar fome perante os parcos apoios, quando existem, do governo.

Entre as muitas iniciativas culturais agendadas, Salvador Sobral vai estar no Teatro Maria Matos, em Lisboa, nos dias 10, 11, 17 e 18 e 24 e 25 de agosto. No mesmo espaço, Sérgio Godinho vai dar um espetáculo a 31 de agosto e a 1 de setembro. Luísa Sobral vai estar no Teatro da Trindade no dia 6 de outubro.

Mas Lisboa não é exceção. Entre 31 de julho e 22 de agosto, o Palácio de Cristal, no Porto, vai acolher um ciclo de concertos chamado Noites do Palácio. A programação durante quatro fins de semana inclui concertos de António Zambujo, HMB, Rui Veloso, The Black Mamba, Gisela João, Jorge Palma, Diogo Piçarra e Blind Zero. A lotação máxima do espaço será de 600 pessoas.

Festa do “Avante!” regressa em setembro

A histórica festa político-cultural dos comunistas portugueses regressa às Quintas da Atalaia e do Cabo, na Amora, Seixal, a 4, 5 e 6 de setembro. Sob o lema “Viver a Festa da fraternidade, da amizade e da camaradagem”, a Festa do “Avante!” vai decorrer num recinto com 30 hectares, mais 10 mil metros quadrados do que nas edições anteriores. Este ano, “serão abertas áreas que nunca estiveram acessíveis aos visitantes”, explica o PCP. Estas medidas, entre outras, vão permitir que o evento político-cultural decorra dentro das recomendações da Direção-Geral da Saúde.

Destaque para três palcos de grande dimensão ao ar livre e cinema, teatro e feira do livro também fora de recintos fechados para garantir medidas sanitárias. A organização da Festa do “Avante!” vai assegurar ainda o aumento de pontos de higienização com álcool-gel.

Também as portas vão abrir mais cedo. “De forma a evitar aglomerados e o cruzamento de fluxos”, as portas da Quinta da Princesa e da Quinta do Vão abrem às 16h e às 15h, respetivamente. O arranque oficial vai manter-se às 19h. “A entrada da Medideira funcionará para cartões de serviço e serão criados novos canais de saída, mais alargados”.

Este ano, nas atuais circunstâncias, e dada a crise do setor da cultura, o PCP optou por oferecer um programa apenas com artistas de língua portuguesa. Nomes como Xutos & Pontapés, Dino D’Santiago, Blasted Mechanism, Peste & Sida, Capicua, Marta Ren, Mão Morta, Lena d’Água, Scúru Fitchádu, El Sur, entre outros, vão preencher três dias de muita animação.

A crise na cultura

Se num primeiro momento, os mais importantes empresários dos principais festivais de música exigiram medidas para fazer frente aos prejuízos que antecipavam ainda em maio, o governo nesse mesmo mês anunciou que a devolução do valor dos bilhetes já comprados só seria efetuada a partir de janeiro de 2022. Até lá, em alternativa, é possível pedir a troca do bilhete por um vale “de igual valor ao preço pago”, válido até 31 de dezembro de 2021, e esse vale pode ser utilizado na “aquisição de bilhetes de ingresso para o mesmo espetáculo a realizar em nova data ou para outros eventos realizados pelo mesmo promotor”. “Caso o vale não seja utilizado até ao dia 31 de dezembro de 2021, o portador tem direito ao reembolso do valor do mesmo, a solicitar no prazo de 14 dias úteis”, podia ler-se no documento aprovado na Assembleia da República.

A defesa dos interesses dos grandes empresários da música não correspondeu, contudo, à satisfação das reivindicações dos profissionais da cultura. No início de março, começaram a ser adiados ou cancelados espetáculos na sequência das medidas de contingência definidas pelas autoridades para tentar travar a propagação da covid-19. Segundo um inquérito promovido pelo sindicato CENA-STE, e cujos resultados foram anunciados no início de abril, 98% dos trabalhadores de espetáculos viram trabalhos cancelados, dos quais um terço por mais de 30 dias.

Em termos financeiros, para as 1300 pessoas que responderam ao questionário, as perdas por trabalhos cancelados representam dois milhões de euros, apenas para o período de março a maio deste ano, de acordo com o CENA-STE (o que indica a perda de um valor médio de receita, por trabalhador, de cerca de 1.500 euros). O inquérito, realizado já na segunda quinzena de Março, no contexto de confinamento, em resposta à pandemia de covid-19, indicava ainda que 85% dos trabalhadores questionados são independentes e não têm qualquer protecção laboral.

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