No número anterior falámos da injustiça que recairia sobre a população que usa a linha amarela do metro, vinda de Odivelas, com a construção da linha circular, podendo aplicar-se também a quem vem de Telheiras. Mas a injustiça daquela opção não é apenas para os que já são utilizadores deste meio de transporte.
Quando a Assembleia da República nos abriu a porta da esperança para que a solução da circular fosse revertida, veio o Presidente da República novamente encostá-la.
Digo encostá-la e não fechá-la, porque considero que mesmo em tempo de pandemia, mesmo tendo de ficar em casa, há que não baixar os braços.
Dos utentes injustiçados já falámos, mas há os injustiçados não utentes, isto é, os que têm acesso àquele meio de transporte a partir da sua residência.
Se olharmos para um mapa da rede do metropolitano salta à vista que há um enorme vazio na cidade, a zona ocidental.
Uma rede equilibrada, com uma distribuição abrangendo as principais áreas urbanas, exigiria que a extensão da rede se fizesse em direção a Alcântara…
Uma rede equilibrada, com uma distribuição abrangendo as principais áreas urbanas, exigiria que a extensão da rede se fizesse em direção a Alcântara, onde chegaria numa primeira fase, estendendo-se posteriormente para a Ajuda, com uma possível nova extensão para Belém.
Com esta solução teríamos uma rede de metro que permitiria acolher o fundamental das circulações na cidade.
Para uma ideia, embora não rigorosa, mas suficiente para uma avaliação, utilizando os dados disponíveis da população das freguesias, antes da sua extinção, podemos concluir que enquanto na solução da circular a população representa 2,16% da população da cidade, com a extensão para Alcântara o valor é de 6,74% e quando se fizesse o prolongamento para a Ajuda atingiríamos os 9,54%.
A solução da linha circular irá atirar para um futuro muito mais longínquo termos uma cidade com uma rede de metro equilibrada. Iremos continuar com uma vasta zona de vazio, iremos manter mais uma injustiça para uma parte significativa da população, a da zona ocidental.
Como diz a sabedoria popular, “têm olhos e não querem ver”. Neste sistema, os olhos só estão voltados para os negócios, neste caso o turismo, sendo os problemas da população uma questão menor.