Abril é futuro

A extrema-direita vive das mentiras que consegue transmitir sem qualquer pudor através da comunicação social e das redes sociais. É cada vez mais evidente que televisões, jornais e rádios não apenas toleram o Chega. Promovem-no já sem qualquer vergonha. É neste contexto que o governo liderado pelo PSD tenta disputar a atenção mediática deixando-se atrelar à agenda reacionária. Meio século depois, a direita vai procurar, uma vez mais, reescrever a história do que foi o 25 de Novembro para desvalorizar o 25 de Abril e as suas conquistas sociais, políticas, económicas e culturais. A ideia de que a democracia começou a 25 de Novembro não é apenas um insulto. É um atentado à verdade. O 25 de Novembro foi uma resposta orquestrada pelos contra-revolucionários para pôr fim ao processo revolucionário usando um protesto militar como desculpa. Mais de uma centena de jornalistas foram saneados, os jornais foram proibidos de sair durante mais de uma semana, muitos militares de Abril acabaram nas prisões. Não foi uma data de festa, uma vez que as únicas manifestações populares nas ruas foram dos trabalhadores e do povo antifascista contra a reação. Também não foi a data que devolveu a paz ao país, como a direita alega. Continuou a haver atentados fascistas no país contra sedes de partidos de esquerda e contra sindicalistas. Igualmente, não foi a data em que o socialismo foi enterrado como gostaria de acreditar os que hoje vendem um país profundamente desigual. Poucos meses depois, foi aprovada a Constituição da República Portuguesa que ainda hoje tem o objetivo de uma sociedade socialista no seu preâmbulo. O 25 de Novembro foi, sim, uma porta aberta para um caminho que hoje se expressa em toda a sua plenitude: um país sem soberania, um quase resort para turistas e reformados estrangeiros de bolsos cheios, sem indústria, empobrecido, de baixos salários, com trabalhadores que procuram muitas vezes na emigração a solução. Celebrar o 25 de Novembro é celebrar este país moribundo onde abunda a exploração e a pobreza. Abril foi, é e será semente de esperança e futuro.