Local

Lisboa

Moradores não querem hotel no Quartel da Graça

Chiara Moneta é uma das integrantes da Assembleia “Parar o Hotel no Quartel da Graça”, um grupo de moradores desta zona da cidade que reúne a cada três semanas desde novembro do ano passado para tentar impedir a construção de uma unidade hoteleira naquele edifício público. À Voz do Operário explica que o grupo avançou com uma petição que já vai com mais de mil assinaturas para “fazer pressão”, uma vez que o quartel pertence ao Estado e está concessionado ao grupo hoteleiro Sana. De acordo com esta imigrante italiana, as obras deveriam ter começado há quatro anos e estarão agora “totalmente fora dos prazos legais”. Querem que o contrato de concessão seja revogado e que o edifício seja gerido pela comunidade. “Estamos muito preocupados com o que se passa em Lisboa neste momento. Vão construir mais um hotel, desta vez no Convento das Mónicas”, denuncia.

O texto da petição refere que “a Graça é dos poucos bairros históricos que ainda resiste ao processo de gentrificação da cidade” e que há cada vez mais casas “ocupadas pelo alojamento local, com o comércio tradicional transformado em bares, e lojas de souvenir”. Simultaneamente, o documento critica o enorme número de viaturas destinadas a transportar turistas e refere que a construção do hotel com 120 camas previstas “poderá ser o golpe fatal”.

Para este grupo, em vez de um hotel “destinado a engrossar os lucros de um grupo privado”, querem o antigo quartel “ao serviço das necessidades reais da população do bairro e da cidade, prosseguindo fins habitacionais, educativos, culturais e artísticos, com serviços de assistência e infraestruturas ligadas ao bem-estar das pessoas e à qualidade de vida urbana”.

Classificado como Monumento Nacional desde 1910, o Quartel da Graça constava na lista de imóveis históricos a reabilitar dentro do programa Revive, lançado pelo governo de António Costa. Foi esse mesmo executivo que anunciou que a concessão do Quartel da Graça seria entregue ao grupo Sana, por um período de 50 anos, para a instalação de um hotel de cinco estrelas, correspondendo a uma renda anual de 1,79 milhões de euros.

Artigos Relacionados