A pouco menos de um mês das celebrações da revolução que derrubou a ditadura fascista em 1974, A Voz do Operário está empenhada na organização, uma vez mais, das comemorações populares da Zona Oriental de Lisboa, na Praça Paiva Couceiro, que vão acontecer entre as 19 e as 24 horas do dia 24 de Abril. A festa vai abrir com a participação do Coro Infantil d’A Voz do Operário, vai ter uma atuação a cargo da Ginástica Sénior do Clube Musical União e vai prosseguir com o Coro da Casa da Achada. O Grupo Cantares Alentejanos da Ajuda, a Tuna de Belas Artes e Pedro Branco fazem também parte do programa. Para além deste momento cultural, estão previstas intervenções políticas de organizações juvenis, do movimento associativo e de militares de Abril. Como é habitual, a iniciativa será encerrada com Grândola, Vila Morena, canção de Zeca Afonso que foi uma das senhas da revolução.
No dia 25 de abril, vários espaços d’A Voz do Operário vão participar nas celebrações em diferentes pontos da região de Lisboa e Setúbal. Em Lisboa, o desfile parte do Marquês de Pombal e o ponto de encontro d’A Voz do Operário é em frente ao Instituto Camões às 14h30. Dois dias antes, a 23 de abril, a Associação Oficina do Cego vai conduzir uma oficina de materiais para as pessoas poderem levar no desfile, na sede d’A Voz do Operário, na Graça, com a participação de alunos e sócios da instituição.
Zona Oriental de Lisboa apela à luta contra o fascismo
Uma vez mais, este ano, A Voz do Operário aparece como uma das organizações que encabeçam a Comissão Promotora das Comemorações do 25 de Abril na Zona Oriental de Lisboa e subscreveu o comunicado relativo ao 51.º aniversário da revolução, no ano em que se celebra meio século de importantes conquistas ocorridas em 1975. Nesse documento, os subscritores destacam que foi a revolução que trouxe ao país o “direito a uma educação universal, o acesso à saúde, a uma habitação condigna, à assistência social, à justiça, à cultura, à paz, entre tantos outros”. Por isso, consideram que “os valores presentes na Constituição Portuguesa são a garantia que os portugueses são cidadãos livres” e “aptos a tomar […] o destino do país, garantido a soberania das instituições políticas”. Recordam que para trás ficaram 48 anos de “repressão física e intelectual” executada por um “Estado fascista, anti-democrático, que manteve o seu povo num profundo atraso cultural e económico”. Nesse sentido, apontam a fome, a miséria, o analfabetismo, a privação de cultura, a deportação, a tortura e o assassinato da oposição política, entre outros, como características desse regime.
Reconhecendo na resistência e luta dos democratas e progressistas, “aliada à coragem do Movimento das Forças Armadas”, como responsável pela libertação do fascismo, recordam as próximas eleições legislativas como um momento “crucial” para que se possa votar “em consciência”. Sublinham que há partidos no parlamento que “não reconhecem a importância do 25 de Abril e que tentam ofuscá-lo com datas marginais” e que pretendem o fim dos direitos consagrados na Constituição a favor dos privados. A importância da luta contra as desigualdades, da paz e da solidariedade, destacam, imana também do processo desencadeado a 25 de Abril de 1974. Os promotores deste manifesto apelam, assim, à defesa da revolução e à exigência da concretização dos princípios da Constituição por parte dos políticos nos seus programas eleitorais e nas políticas públicas executadas.
A Voz do Operário no 1.º de Maio
O primeiro dia de maio de cada ano é marcado por manifestações de trabalhadores e sindicatos em todo o mundo. Desde 1890 que é assim. O desfile de reivindicações setoriais e gerais, o grito coletivo por um mundo de paz e justiça social, sem exploração, ecoa ainda com mais força neste dia. Portugal não é exceção. Este ano, no último dia do mês de abril, celebra-se 50 anos da lei da Unicidade Sindical, com o reconhecimento da Intersindical Nacional como a Confederação Geral dos Sindicatos Portugueses (CGTP-IN). Também nesse dia, um outro decreto regulou e reconheceu o exercício da liberdade sindical por parte dos trabalhadores.
Como instituição fundada por operários tabaqueiros e herdeira das lutas da classe trabalhadora, A Voz do Operário estará presente, como habitualmente, na manifestação e também na Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa, com um espaço próprio, onde serão dinamizadas várias atividades destinadas às crianças e respetivas famílias. Em Lisboa, o desfile começa às 15 horas no Martim Moniz e atravessa a Avenida Almirante Reis até desembocar na Alameda.