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Manuel Figueiredo: “Estamos perante desafios muito importantes”

No dia 9 de janeiro, os sócios d’A Voz do Operário elegeram os novos órgãos sociais da instituição. Nesse ato profundamente democrático, escolheram também o programa apresentado pela lista candidata. Entre as mulheres e os homens que vão conduzir a instituição estão rostos novos e também caras conhecidas, entre elas a de Manuel Figueiredo que volta a assumir o cargo de presidente da direção para um mandato que se prevê de continuidade.

Qual a importância do ato eleitoral para escolher os órgãos sociais d’A Voz do Operário?

Bom, em qualquer associação – e por uma maioria de razões n’A Voz do Operário – é evidente que a participação dos sócios na vida da sua associação é fundamental. Isso faz-se regularmente, anualmente, pelo menos em dois momentos: na aprovação do plano de atividades e orçamento para o ano seguinte e com a aprovação do relatório de atividades e das contas do ano que terminou. Evidentemente que essas assembleias, para além destes pontos que são obrigatórios, têm outros que são discutidos e debatidos pelos sócios. Para além destes momentos, é evidente que uma associação com os princípios democráticos que sempre foram um apanágio d’A Voz do Operário tem também a eleição dos seus órgãos sociais. Neste momento, os nossos mandatos têm a duração de quatro anos. E de quatro em quatro anos, os sócios são chamados a eleger a mesa a Assembleia Geral, o Conselho Fiscal e a Direção. Mas, para além das Assembleias Gerais, existem muitos outros momentos em que contamos com a participação dos sócios na vida da sua associação e isso ocorre, eu diria, quase todos os dias.

No essencial, esta é uma lista de continuidade do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido e também de continuidade na perspetiva em que vários dos elementos dos anteriores órgãos sociais continuam nos agora eleitos. Naturalmente com alguma renovação. Curiosamente – mas este não foi um objetivo, esse foi o de encontrar as pessoas capazes – isso fez com que houvesse um aumento também do número de mulheres, designadamente na direção, o que é um sinal positivo. A direção atual vai ter cinco homens e quatro mulheres.

E quais serão as linhas mestras para os próximos quatro anos?

O plano de ação é essencialmente um plano de continuidade, o que não significa que não estejamos perante desafios muito importantes para o movimento associativo em geral e que A Voz do Operário naturalmente não está alheia.

A conjuntura que hoje vivemos é, como sabemos, bem difícil. Difícil para aqueles que defendem os interesses dos trabalhadores, difícil para aqueles que defendem uma política que tenha menos desigualdades, tenha mais inclusão social. A Voz do Operário, neste contexto, também atravessa bastantes dificuldades, desde logo do ponto de vista financeiro, na medida em que há muito trabalho em prol da comunidade, há muito serviço prestado à comunidade e aos sócios pel’A Voz do Operário, mas não existe a contrapartida financeira por parte dos órgãos do poder que compensem esse trabalho desenvolvido. Isso tem acarretado, por um lado, dificuldades económicas ao desenvolvimento da atividade d’A Voz do Operário e, por outro lado, tem-nos forçado a que sejam as famílias, designadamente as famílias dos utentes d’A Voz do Operário, que tenham de algum modo, também incorporado parte desse esforço através das mensalidades que pagam e nas quais temos sido forçados a fazer alguns ajustes.

Como tem sido a intervenção da instituição junto do governo?

Temos feito várias intervenções junto do poder. Desde logo, participando ativamente nas várias associações do setor, designadamente a União das IPSS do distrito de Lisboa (UDIPSS) e também a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNISS). Junto a essas instituições, temos feito ver e valer as nossas opiniões, que se materializaram na aprovação de moções, mas também, de planos de trabalho, projetos, no sentido de levar as reivindicações aos diferentes órgãos de poder para que exista uma revisão dos acordos de cooperação, designadamente no que toca aos apoios financeiros condizentes com aquilo que tem sido muito serviço prestado à comunidade, não só pel’A Voz do Operário, como de outras instituições do setor.

Para além disso, temos também tido contatos diretos com as entidades públicas, nomeadamente com a Secretária de Estado da Segurança Social a quem fizemos ver todas estas situações, estas dificuldades. É importante que se diga que em 2024 não tivemos nenhum ajustamento nos acordos de cooperação com a Segurança Social. Pior do que isso, os acordos que têm a ver com a educação não são atualizados há mais de 15 anos. Fizemos mesmo uma carta aberta ao Ministério da Educação, que acolheu cerca de duas mil assinaturas, dos encarregados de educação, dos sócios d’A Voz, dos amigos d’A Voz e conseguimos, finalmente, uma audiência com o secretário de Estado da Educação, onde entregámos o manifesto e apresentámos as nossas reivindicações.

A atividade da Voz do Operário tem vindo a crescer, como sabemos, nos últimos anos. Nós hoje temos sete equipamentos educativos. Estamos naturalmente a trabalhar para ainda, a este nível, conseguirmos aumentar essa capacidade, designadamente com novas salas de pré-escolar e de creche, que estão a ser debatidas com a Segurança Social. E estamos também abertos à possibilidade de podermos vir a ter mais estabelecimentos escolares sob a orientação d’A Voz do Operário. Isto na vertente educativa.

Na vertente social também temos vindo a aumentar o número de utentes. Na área social temos mais de 100 utentes. Para além disso, temos outras atividades também que se podem inserir no âmbito social, designadamente o programa Lisboa +55, que é um programa de atividade física para as pessoas com mais de 55 anos. Temos outro tipo de programas onde também participamos.

E este ano voltaremos a descer a Avenida da Liberdade?

Claro, no 25 de Abril e com a Marcha Infantil nas Festas Populares. Para além do aniversário da instituição, já este mês, há outras atividades importantes. Desde logo aquelas que são um pouco a bandeira também d’A Voz do Operário, como sejam precisamente a Marcha Infantil e o próprio arraial. Antes disso, como referi, a participação nas comemorações do 25 de Abril, em que A Voz do Operário é uma das entidades que mais contribuem como entidade promotora, também com comemorações do 25 de Abril aqui na Praça Paiva Couceiro. Costumamos participar sempre também no 1.º de Maio, na Alameda, com stand e com atividades para as crianças. Depois, destacaria como atividade cultural muito importante a Gala de Fado, que é um momento alto onde anualmente galardoados artistas, os próprios cantores, os músicos, letristas, enfim, todas as pessoas ligadas a esta área cultural. Todo este conjunto de iniciativas conta com a participação dos sócios.

O que se pode esperar em relação à comunicação?

Como sabemos, o jornal esteve na génese da fundação d’A Voz do Operário. E o nosso desiderato é não só manter a publicação regular do jornal, que de há uns anos a esta parte passou a ser de 12 vezes por ano. E, para além disso, para além do jornal, temos o site da própria Instituição, a publicação regular nas redes sociais de informação. A área da comunicação esteve na génese da instituição e continua a ser uma importante área que queremos prosseguir, desenvolver, acompanhando as novas tecnologias. Perspetivamos também um novo site institucional com o objetivo de o tornar mais manuseável e que possa estar sempre atualizado. É evidente que nós queremos utilizar esta ferramenta para outras situações de futuro, designadamente queremos ter ferramentas que permitam matrículas e inscrição de sócios online.

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