São 142 anos de uma vida plena de êxito no cumprimento do desígnio dos seus fundadores, de defesa dos direitos dos trabalhadores, pugnando pela sua dignificação e elevação cultural, com uma história muita rica ao serviço dos sócios e da comunidade.
Num momento em que os trabalhadores e o povo enfrentam um período particularmente difícil, importa salientar quão atuais são os princípios que nortearam a fundação d’A Voz do Operário, que nascida da luta dos operários contra a exploração, sempre esteve no lado da luta pela emancipação dos povos, pela liberdade, por uma vida melhor, numa sociedade em que todos tenham as mesmas condições.
Integrada na comemoração do aniversário, a nossa Instituição procede anualmente à homenagem a uma personalidade de mérito reconhecido, tendo este ano a Direção decidido distinguir o escritor António Modesto Navarro, pela importantíssima obra publicada, em que a defesa das causas dos trabalhadores e do povo são bem vincadas, bem como pela sua atividade cívica em prol dessas causas.
António Modesto Navarro nasceu em Vila Flor em 1942. Concluída a 4ª classe, trabalhou na oficina de ferrador de seu pai dos 10 aos 21 anos. Cumpriu o serviço militar, parte dele na guerra colonial em Moçambique, à qual sempre manifestou oposição.
Dedicou-se depois à publicidade, ingressou no Ministério da Cultura, de que foi técnico superior principal, foi assessor da administração da Sociedade Lisboa 1994 – Capital Europeia da Cultura e do Pelouro da Educação da Câmara Municipal de Lisboa.
Começou a ter contacto com a vida política na campanha de Humberto Delgado para as eleições de 1958.
Participou ativamente na campanha da CDE nas eleições de 1963, tendo mais tarde integrado a sua comissão executiva.
Pela mão de José Saramago, ingressou no Partido Comunista Português em 1971.
Participou, em 1973, no Congresso da Oposição Democrática onde apresentou três teses.
Foi preso pela PIDE em 6 de abril de 1974, tendo sido libertado na véspera da Revolução. Desta experiência resultou o livro Prisão e isolamento em Caxias.
Trabalhou com os militares na Comissão Dinamizadora Central da 5ª divisão do Movimento das Forças Armadas.
Foi Deputado da Assembleia Municipal de Lisboa, tendo sido seu Presidente de 2003 a 2005.
Recebeu a Medalha de Ouro da Cidade em 2002.
Desenvolveu uma grande atividade associativa designadamente na Devir, na Associação Portuguesa de Escritores, de que foi fundador, na Associação do Nordeste Transmontano, na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Lisboa, de que foi Presidente do Conselho Regional, tendo igualmente sido fundador da Associação Conquistas da Revolução.
Neste contexto, salientamos com todo o orgulho ter sido Presidente da Direção d’A Voz do Operário entre 2007 e 2010.
Autodidata, iniciou a sua atividade literária em 1968 com um livro de contos, Libelo acusatório, prefaciado por José Saramago. Publicou mais de quatro dezenas de obras, muitas reeditadas, sempre numa perspetiva de denúncia da exploração, relatando as difíceis condições de sobrevivência, a prepotência dos ricos e poderosos, tendo sempre como horizonte a construção de uma sociedade melhor.
A denúncia do regime fascista acarretou-lhe a proibição e apreensão de dois livros (História do soldado que não foi condecorado e Emigração e crise no Nordeste Transmontano).
Também enveredou pela escrita policial tendo-lhe sido atribuído em 1991 o Prémio Caminho de Literatura Policial.
Colaborou regularmente em diversas revistas e jornais, como Seara Nova, Vértice, A Capital, O Diário e Diário de Lisboa e continua a colaborar em diversas publicações.
Por todas estas razões é uma grande honra para a Voz do Operário passar a contar com tão importante Sócio Honorário, estando a cerimónia agendada para o próximo dia 22, com a tradicional sessão solene e jantar, para a qual convidamos os sócios e amigos.
Comemoramos os 142 anos de história da Voz do Operário, com a grande missão de prosseguir o legado de quem sonhou este tão rico projeto.