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PALESTINA

1 ano de genocídio — Israel mata 10% da população de Gaza com armas do Ocidente

Assistimos a um Estado genocida completamente fora de controle, apoiado directa ou indirectamente pela totalidade de governos ocidentais – onde as suas elites, em grande medida, são demasiado racistas, colonialistas e islamofóbicas para se preocupar em travar Israel e a consequente chacina do povo palestiniano.

Ilustração: Luís Alves

Netanyahu com carta branca para continuar genocídio

Nos últimos meses, cada vez que Netanyahu visitou os EUA, regressou com carta branca de Washington para bombardear países terceiros com a intenção de matar líderes do Hamas e do Hezbollah – sem ter em conta o número de vítimas civis e em clara violação do direito internacional. O último desses ataques foi o grande bombardeamento contra Beirute que matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, numa semana de ataques israelitas que provocaram mais de mil mortos libaneses. Israel já matou cerca de 2000 libaneses desde Outubro de 2023.

No passado dia 26 de Setembro soube-se que o governo de Telavive obteve outro pacote de ajuda militar dos EUA, no valor de 8,7 mil milhões de dólares. Relembramos que o congresso dos Estados Unidos já tinha aprovado, no passado mês de abril, um pacote de material bélico no valor de 26,4 mil milhões de dólares. Israel é o maior beneficiário mundial da ajuda militar dos EUA.

Quanto à Europa, vários países continuaram a enviar ajuda militar a Israel – entre eles, a Alemanha e o Reino Unido – outros permitem que o transporte de armas passe pelo seu território, e nenhum anunciou o fim ou suspensão de contratos com empresas militares israelitas que lucram com o massacre em Gaza. Alguns tomaram algumas medidas simbólicas, mas nenhum adoptou um embargo formal de armas.

Os países Europeus estão, neste momento, em claro incumprimento do mandado do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), segundo o qual os estados devem suspender imediatamente qualquer ajuda, assistência ou proteção às políticas ilegais da ocupação israelita.

Segundo estimativas, Israel já matou cerca de 10% da População de Gaza

Os números do extermínio perpetrado pelo sionismo israelita não param de aumentar. Israel já matou, segundo números oficiais, cerca de 42 mil palestinianos, 17 mil dos quais crianças.

Aplicando a mesma estimativa conservadora, usada pela prestigiada revista Lancet, de quatro mortes indiretas por cada morte direta, podemos calcular um número de mais de 210.000 mortes causadas por Israel em Gaza – o equivalente a 10% da população. Isto se tivermos em conta, como indica o relatório da publicação britânica, as mortes indiretas relacionadas com a escassez de cuidados de saúde, alimentos, abrigo e água.

Além dos constantes bombardeamentos, o genocídio do povo palestiniano está a ser levado a cabo em diferentes níveis. A entrada de ajuda humanitária em Gaza atingiu os níveis mais baixos desde outubro de 2023. Existem pelo menos 100.000 toneladas de produtos alimentares, o equivalente a dois meses de pacotes alimentares para toda a população, a aguardar entrada em Gaza.

Perto de 1,4 milhões de palestinianos não recebem alimentos por parte das organizações humanitárias. Se juntarmos a destruição de perto de 80% dos campos agrícolas de Gaza – 250 hectares foram destruídos nos últimos meses pelas forças israelitas no norte deste território – temos uma situação alimentar alarmante.

As condições nos campos de refugiados na Faixa de Gaza deterioram-se de dia para dia, as famílias não têm outra escolha senão viver junto ao lixo acumulado, expostas ao mau cheiro e à ameaça de um desastre sanitário iminente. As condições de saúde e de vida em Gaza não têm precedentes na história recente.

Estima-se que 1,9 milhões de palestinianos em Gaza (90 %) estejam agora deslocados, com muitos a sofrerem múltiplos deslocamentos forçados – resultado das repetidas ordens de evacuação israelitas.

Pelo menos 306 trabalhadores humanitários e mais de 900 profissionais de saúde foram mortos pelas forças israelitas desde Outubro de 2023.

Colonos organizam viagens de barco para ver Gaza a ser destruída

Enquanto o exército israelita leva a cabo a destruição de Gaza, colonos israelitas organizam viagens em barco para ver o genocídio em direto. Como se fosse um espetáculo, sionistas levam as famílias para observarem bombardeamentos desde a costa (e celebrar), e para assim ver onde podem construir os próximos colonatos. Sem demonstrar piedade ou compaixão, o regime de Netanyahu promove este “necroturismo” como um simples elemento de propaganda.

Civis israelitas mortos por “fogo amigo” no dia 7 de outubro

Depois da ofensiva das forças da resistência palestiniana a 7 de Outubro, a comunidade internacional começou a justificar qualquer atrocidade cometida pelo estado de Israel com o “direito a defender-se”.

Mas, segundo investigações do jornal israelita Haaretz e da agência estatal de televisão Australiana (ABC), revelam que parte das 1200 mortes israelitas no dia 7 de outubro foram provocadas pelo próprio Exército sionista.

O “protocolo Hannibal”, uma política militar sionista que tem por objetivo impedir a todo o custo a captura de soldados israelitas, mesmo que isso implique a vida de reféns – pode ter provocado a morte de vários civis israelitas. A ONU já veio confirmar que, pelo menos, 14 das mortes israelitas no dia 7 de Outubro de 2023 foram provocadas por “fogo amigo”. Mas tendo em conta alguns relatos, esse número pode ser bem maior.

Tudo indica que o protocolo Hannibal foi utilizado nesse fatídico dia. Por exemplo, os pilotos da Força Aérea israelita admitiram terem disparado “tremendas” quantidades de munições contra pessoas que tentavam atravessar a fronteira entre Gaza e Israel. Estamos a falar de 28 helicópteros a disparar indiscriminadamente, durante várias horas, centenas de morteiros de canhão de 30 milímetros e mísseis Hellfire.

Não deixem de falar sobre a Palestina

As atrocidades cometidas por Israel são tantas que entramos em choque e paralisamos com desesperança. A inação de quem nos governa, o apoio total da elite ocidental ao genocidio de Gaza provoca-nos uma raiva que esgota as nossas forças. Mas, neste momento histórico, não podemos baixar os braços. Desde a Palestina pedem-nos: “não deixem de falar de nós”. É o mínimo que podemos fazer.

Dia 12, às 15h no Martim Moniz, vamos à manifestação “Palestina Livre, Paz no Médio Oriente”.

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