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Carris – cronologia de uma luta

Quem acompanhar a vida pelas notícias dos órgãos de comunicação dominante não se terá apercebido da luta que há muito tempo os trabalhadores do grupo Carris vêm travando para recuperarem condições de trabalho que têm vindo a ser retiradas.

Uma luta que se arrasta. Comecemos pelo plenário geral do passado 15 de maio, convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), onde os trabalhadores aprovaram a exigência de um aumento de 100 € no salário e atualização do subsídio de refeição para 15 € diários, o que levou a administração a declarar-se “incrédula”.

Os trabalhadores invocavam que tinham direito a recuperar o nível salarial para que não continuassem a sentir, diariamente, as suas condições de vida a piorar. Prestam um serviço público indispensável ao funcionamento da sociedade e da economia e as suas condições de trabalho não podem regredir, particularmente num cenário onde a empresa verifica resultados positivos: foram 9,5 milhões de euros de lucro no ano passado, sete vezes superior ao previsto. Acresce que os próprios estatutos da empresa estabelecem que “a evolução da massa salarial deve ser adequada aos ganhos de produtividade e ao equilíbrio financeiro da empresa”.

Os trabalhadores confrontaram o acionista, a Câmara Municipal de Lisboa, por ignorar as suas reivindicações, quando, por outro lado, isenta o festival privado Rock-in Rio de taxas no valor de 3 milhões de euros.

Referem ainda que se procura fazer esquecer que a esmagadora maioria dos turistas que visitam Lisboa têm a sua mobilidade garantida pelos trabalhadores do grupo Carris e que, por isso, sem eles, as receitas do turismo para a economia do município e do país não estariam garantidas.

Perante as recusas, foram marcadas novas ações de luta, uma greve ao trabalho extraordinário, a que se seguiram greves parciais entre 17 e 21 de julho. Estas, demonstrando a recusa das posições da Administração e da Câmara, tiveram adesões superiores a 90%, estando já previstas novas ações, se os problemas dos trabalhadores não forem ultrapassados.

Até ao momento, a única reação da administração foi a proposta de criação de um prémio de “excelência aos tripulantes”, que os trabalhadores consideram ter o intuito de os dividir, uma vez que se destina apenas a uma parte dos trabalhadores, com condições de acesso que denunciam: o tripulante para ser “excelente” não pode ter nenhuma falta, justificada ou injustificada, isto é, não pode estar doente, não pode ir ao funeral de nenhum familiar. Uma proposta “excelente”, ironizam.

A resposta dos trabalhadores foi a continuação da luta e setembro já está na agenda.

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