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Carlos Humberto na disputa para recuperar Barreiro

Sem se poder recandidatar à presidência da autarquia, devido à limitação de mandatos, em 2017, o comunista Carlos Humberto foi escolhido para primeiro secretário da comissão executiva da Área Metropolitana de Lisboa, onde encabeçou uma verdadeira mudança no acesso aos transportes com um passe único que abrange todo este território a valores mais acessíveis. Foi neste contexto que, então, o PS conquistou a Câmara Municipal do Barreiro à CDU, com Frederico Rosa. 

Apesar de várias decisões que deram que falar, o PS recandidata o atual autarca barreirense que vai enfrentar Carlos Humberto. Volta assim a ser o principal rosto da CDU na corrida eleitoral à presidência deste concelho da Margem Sul. Por sua vez, o PSD apresenta Bruno Vitorino pela terceira vez consecutiva e o BE, que candidatou sucessivamente Mário Durval, apontou como cabeça de lista, desta vez, Daniel Bernardino.

Quatro anos de PS no Barreiro

Muitas das obras do último mandato foram fruto de projetos e ideias do mandato CDU à frente da câmara. Mas nem todas. É exemplo disso a decisão de derrubar o histórico campo de futebol do Luso para dar lugar a um Lidl. Então, Rui Lopo, vereador da CDU, questionou sobre a necessidade do centro do Barreiro ter mais uma superficie comercial. Apesar da abstenção, até Joana Medeira, do PSD, alertou para os perigos de proliferação das grandes superficies comerciais e as consequências para o comércio local.

Mas no plano da mobilidade houve decisões polémicas. Para chegarem ao Seixal, os barreirenses têm de percorrer, por estrada, os 13 quilómetros que separam os dois municípios. Por decisão do PS, ficou na gaveta o projeto da autarquia CDU que previa a construção de uma ponte pedonal e ciclável entre o Barreiro e o Seixal. O protocolo existente entre os dois concelhos vizinhos da margem sul do Tejo foi cancelado com a oposição solitária dos eleitos da CDU. O aumento dos custos da construção da ligação pedonal serviu de base aos argumentos do presidente da autarquia, Frederico Rosa, mas na prática os custos seriam partilhados entre o Barreiro e o Seixal e teriam o apoio de fundos comunitários no âmbito do Plano de Ação de Mobilidade Urbana.

A ligação de 800 metros entre as duas margens que, apesar de, numa primeira fase, não permitir a passagem de automóveis ou transportes públicos como autocarros ou comboios, colocaria um ponto final em cinquenta anos de espera. Foi precisamente em 1969 que um navio embateu e destruiu a chamada Ponte Ferroviária do Seixal, cujos pilares ainda estão cravados e visíveis nas margens da baía do Tejo que coloca as duas cidades frente a frente. O Seixal viu-se obrigado a deixar cair o projeto, uma vez que aprovou a proposta que não chegou a sair do papel.

Uma das maiores polémicas do mandato foi a intenção do PS de reprivatizar a Quinta do Braancamp, um imóvel que tinha sido recuperado para a esfera pública em 2016 pela Câmara Municipal de gestão CDU e que ficou em risco de voltar para mãos de privados. Para além de vários protestos da população, os comunistas recordaram que o projeto anterior visava “a retirada [da Quinta do Braancamp] do mercado imobiliário especulativo e a sua devolução aos barreirenses, a quinta foi adquirida em 2016”, uma aquisição que foi feita após “deliberação unânime da Câmara Municipal e apenas três abstenções na Assembleia Municipal”. O objectivo, à data, era o de valorizar as frentes ribeirinhas, estando projetada também a “requalificação dos moinhos e da zona de Alburrica, a construção dos passadiços, a ligação contínua com o Polis e, também, a construção de uma ponte pedonal entre o Barreiro e o Seixal”.

Também deu que falar o projeto do novo aeroporto no Montijo. A rebelião das autarquias da Margem Sul contra esta infraestrutura que, segundo vários especialistas, teria impacto negativo em termos ambientais e na saúde das populações, provocou a tentação autoritária do governo português. O próprio ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, afirmou que estaria a ponderar alterar o decreto-lei que faz depender a construção do aeroporto do Montijo dos pareceres das câmaras municipais potencialmente afectadas. Só quatro municípios se mostraram favoráveis ao novo aeroporto, entre eles o Barreiro. A Autoridade Nacional da Aviação Civil acabou por indeferir o pedido da ANA de apreciação prévia de viabilidade da construção da nova infra-estrutura aeroportuária na sequência dos dois pareceres desfavoráveis de autarquias da região.

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