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Sanitários de Lisboa

No passado dia 16 de abril um grupo de pessoas juntou-se em frente aos Paços do Conselho da Câmara Municipal de Lisboa, exigindo o cumprimento de uma proposta que tendo sido apresentada pelos vereadores do PCP na reunião de 22 de fevereiro de 2023, que foi aprovada por unanimidade.

O objetivo era, resumidamente, face à carência de instalações sanitárias na cidade, fazer, em articulação com as Juntas de Freguesia, o levantamento do existente, do seu estado de conservação, elaborar um plano para reabilitação das degradadas e construção das necessárias para criar uma rede que respondesse às necessidades.

Dizia ainda a proposta, aprovada por unanimidade, repete-se, que se aproveitasse para adquirir parte das que iriam ser alugadas para prestarem serviço nas Jornadas Mundiais da Juventude.

Todos de acordo. No entanto, passado mais de um ano não se vislumbrando qualquer progresso, aqueles cidadãos de Lisboa resolveram protestar, relembrando o compromisso não cumprido. Sim, porque quando uma Câmara aprova uma proposta está a assumir um compromisso com os seus munícipes.

Sabemos que não estamos no Japão, onde pedir um pagamento para utilizar uma casa de banho, em dinheiro ou consumo, que na prática vai dar ao mesmo, é um absurdo inconcebível, mas é conhecido que são fanáticos com a limpeza, estando na memória coletiva o campeonato do mundo de futebol onde após o jogo da seleção do seu país deixaram a bancada onde tinham estado a assistir ao jogo perfeitamente limpa.

Também não estamos na China, onde Fernão Mendes Pinto chegou no século XVI e ficou espantado porque já tinham resolvido o problema da limpeza das ruas.

Enfim, coisas de gente com os olhos em bico.

Mas como todas as “moedas” têm duas faces, vejamos o problema por outro prisma.

Será que faltam mesmo instalações sanitária na cidade?

Passeando um pouco pela baixa lisboeta, encontramos uma grande concentração, particularmente em locais emblemáticos como o Rossio ou o Cais do Sodré. Para tanto basta ter o olfato minimamente a funcionar. Não as vemos, mas podemos cheirá-las, isto é, são invisíveis, mas que são utilizadas são.

Se temos grandes afirmações da aposta da Câmara de Lisboa no turismo, sendo aplicados milhões no que se pretende que seja a sua promoção, pergunta-se: porque se poupa tanto nesta área da limpeza, para não falar das outras.

A intenção será transformar o aroma que inunda tantas zonas da cidade em atração promocional?

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