Sendo as saídas ao exterior uma rotina da nossa escola, quando as mesmas ocorrem, algumas crianças verbalizam o que lhes chama a atenção, mas também coisas de que não gostam na comunidade: lixo no chão, dejetos de animais no passeio, carros mal-estacionados que impossibilitam a nossa passagem. Para dar resposta a esta problemática, as crianças partilharam estes temas em grande grupo e, a partir daí, surgiram mais alguns temas que os preocupavam, como a violência – “Não gostamos de violência, discussões e palavras feias”.
Muitos temas eram comuns à maioria das salas da escola e como as comemorações do 25 de abril se aproximavam, todos juntos decidimos fazer um projeto de intervenção com a participação de todos: crianças, famílias e adultos da escola. Como defendemos, “os alunos intervêm na comunidade educativa como fonte de conhecimento para os seus projetos de estudo” (A Voz do Operário: Projeto educativo; pp 5).
Este projeto foi o palco para darmos voz e termos um papel ativo na nossa comunidade, dando um contributo para a resolução de algumas necessidades encontradas no nosso meio envolvente – o que está intimamente ligado com o bem estar das nossas famílias e consequentemente com o das crianças que frequentam a escola.
Cuidar do espaço comum deve ser uma preocupação de todos nós e valorizamos que este olhar crítico seja fomentado desde cedo, tornando-nos cidadãos ativos na sociedade. A participação ativa e a prática democrática que vivenciamos em sala foi para a rua dando real significado à nossa filosofia educativa.
Como a liberdade de expressão é uma das principais conquistas do 25 de abril, considerámos relevante dar voz às crianças e às famílias com uma manifestação, sugerindo algumas mudanças de comportamento simples que poderão fazer toda a diferença a longo prazo.
Como aconteceu?
Depois de cada grupo discutir as suas ideias, identificámos quatro aspetos que poderíamos mudar na nossa comunidade e quais as ações para os resolver. As crianças propuseram soluções para melhorar ou eliminar os problemas, que esquematizámos na tabela de “Problemáticas e Soluções”.
O que fizemos?
Com a ajuda da professora de música construímos uma canção sobre esta temática. Decidimos que era importante manifestarmos a nossa opinião à comunidade. Com a participação das famílias, construímos cartazes e panfletos que distribuímos à população envolvente à escola. No dia da comemoração do 25 de abril, de cartazes erguidos cantámos pelas ruas e fizemos ouvir a nossa voz.
Num dos nossos momentos de trabalho de texto, construímos uma carta que endereçámos à presidente da Junta de Freguesia, onde expusemos as nossas preocupações. Recebemos a sua visita e tivemos oportunidade de conversar sobre as nossas preocupações. Nos dias seguintes, vários elementos da Junta de Freguesia vieram recolher o lixo espalhado pelo chão.
O que estamos a fazer para mudar
Certos de que cada criança levou esta vivência para o seu contexto familiar e que este tema necessita de uma constante intervenção, planeámos algumas estratégias que queremos implementar a longo prazo:
– Reutilizar materiais para novos fins;
– Construir mais ecopontos;
– Enviar uma carta ou e-mail para a Câmara Municipal da Moita para encontrar mais soluções;
– Enviar uma carta ou e–mail para a PSP, a fim de encontrar mais resoluções para os problemas de estacionamento.