Continuamos a viver tempos conturbados do ponto de vista sanitário, com a pandemia da Covid19 a ter uma incidência crescente, embora felizmente com consequências menos nefastas em termos de saúde pública, mas agravando significativamente as condições de vida de largas camadas da população, designadamente nos aspetos económico e social.
Naturalmente que a Voz do Operário não está imune aos seus impactos, apesar do cabal cumprimento das medidas de proteção e segurança, havendo vários trabalhadores em situação de isolamento profilático.
Mas nem por isso deixamos de prestar os nossos serviços, designadamente nas áreas mais sensíveis como os relativos ao apoio domiciliário, contando para isso com o esforço redobrado dos trabalhadores envolvidos, tanto os afetos às respetivas áreas como outros que entretanto são pontualmente realocados.
Nunca é demais enaltecer a dedicação e o empenho dos trabalhadores da Voz do Operário, que em todos os momentos e neste em particular representam um grande património da nossa Instituição.
Apesar das contingências, A Voz do Operário não deixa de estar de novo de parabéns, celebrando no próximo dia 13 de fevereiro o seu 139º aniversário. São praticamente 14 décadas de uma vida plena de êxito no cumprimento do desígnio dos seus fundadores, de defesa dos direitos dos trabalhadores, pugnando pela sua dignificação e elevação cultural, com uma história muita rica ao serviço dos sócios e da comunidade.
Mesmo sabendo que a sua história é sobejamente conhecida, importa recordar que A Voz do Operário nasceu da luta dos operários contra a exploração e as miseráveis condições a que estavam sujeitos.
Foi em 13 de Fevereiro de 1883, que um grupo de operários tabaqueiros fundou A Voz do Operário, estabelecendo ser objeto da Sociedade sustentar a publicação do seu jornal, que já existia há três anos, mas a que era necessário dar suporte organizativo e criar as condições para que a maioria dos operários o soubessem ler, para que assim melhor pudesse atingir os seus objetivos, constituindo-se num poderoso meio de divulgação da causa operária, pelo que, paralelamente havia que “estabelecer escolas, gabinetes de leitura e tudo quanto possa concorrer para a instrução e bem-estar da classe trabalhadora em geral e dos sócios em particular”.
Integrada na comemoração do aniversário, é tradição proceder-se à homenagem a uma personalidade ou entidade de mérito reconhecido, tendo este ano a Direção decidido distinguir Marília Villaverde Cabral, em reconhecimento de uma vida inteiramente dedicada às causas dos trabalhadores e do povo português.
Filha de uma família modesta, Marília Villaverde Cabral, nasceu em Lisboa, tendo no Liceu feito amizade com um grupo de meninas, na maior parte filhas de pessoas da oposição ao regime fascista. Uma delas emprestou-lhe o livro “A Mãe” de Máximo Gorki e essa leitura constituiu uma revelação extraordinária.
Entrou para o Partido Comunista Português em 1958, tendo com um grupo de jovens logo começado a formar a Comissão Pró-Associação dos Liceus. Foi presa na cidade universitária em 1962 juntamente com outros estudantes.
Participou em Comissões Unitárias de Mulheres e na fundação do Movimento Democrático de Mulheres. Reforçou posteriormente a sua ligação à área do trabalho tendo, com outros sindicalistas, lutado no Sindicato dos Escritórios pelos direitos dos trabalhadores e contra a Direcção fascista do Sindicato. Esse trabalho permitiu que logo após o 25 de Abril, o Sindicato tenha ficado nas mãos dos trabalhadores, tendo sido eleita para a sua Direção.
Pertenceu ao Comité Central do PCP.
Desde 1990 que trabalha na URAP (União de Resistentes Antifascistas Portugueses), tendo sido sua Coordenadora Nacional de 2012 a 2021, exercendo atualmente o cargo de vice-presidente da Assembleia Geral.
Apelamos à participação de todos, na cerimónia do aniversário que ocorrerá no próximo dia 12 de fevereiro, às 19:30 horas na sede, com a tradicional sessão solene e jantar, incluindo a homenagem a Marília Villaverde Cabral.
Comemoramos os 139 anos de história da Voz do Operário, enaltecendo a sua história, com a certeza de que saberemos todos, associados, dirigentes, trabalhadores e amigos, construir um futuro que honre e prossiga o legado da Instituição.