Trabalho

SONAE

Apesar dos lucros, invoca pandemia para evitar aumentos

Apesar da pandemia, os trabalhadores dos hipermercados não deixaram de estar nos seus locais de trabalho para garantir a venda de produtos à população.

Mesmo nos meses de novembro e dezembro, que são habitualmente meses de correria ao comércio e às grandes superfícies, período em que se agravou o número de mortes e novas infeções, quem trabalha nos hipermercados manteve-se no seu posto.

Em novembro, de acordo com a Lusa, a Sonae anunciava que o volume de negócios do grupo aumentou, até setembro, em 5,9%, atingindo os 4,9 mil milhões de euros, impulsionado pelo crescimento da Worten e da Sonae MC, que detém o Continente. Nos primeiros nove meses do ano, o volume de negócios da Sonae MC cresceu 10% para 3,8 mil milhões de euros, tendo a Worten aumentado a faturação em 4,3%, para 775 milhões de euros.

Dias depois, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP) realizou a primeira reunião sobre o caderno reivindicativo para 2021, numa altura em que a empresa, refere a estrutura sindical num comunicado, “continua a remeter para a associação patronal a negociação dos salários, categorias dos operadores de armazém, organização do tempo de trabalho e férias”.

À boleia da pandemia, diz o mesmo sindicato, a empresa diz “existirem dificuldades acrescidas” mas esta estrutura regista que, apesar de as lojas do grupo terem mantido as portas abertas durante todo o período da pandemia, “do crescimento das vendas nas lojas e no online, e do lucro anunciado ser superior ao de 2019, a empresa alega não ter condições para aumentar já os salários dos trabalhadores”. Aumentos em 2021, “só em função das avaliações”, defende a Sonae.

Para o CESP, segundo o AbrilAbril, a empresa “não assume compromissos” com a resolução dos problemas que “há muito afetam” os trabalhadores, designadamente no que diz respeito aos horários de trabalho, “falta de trabalhadores para as necessidades das lojas” e “discriminações” associadas aos prémios nos armazéns e lojas.

“É urgente” reverter o caminho dos baixos salários e da precariedade aplicada aos que produzem a riqueza, reclamam os sindicalistas que consideram que os “imprescindíveis” e “essenciais” são “sempre os mesmos a pagar a factura das crises e pandemias”.

Uma das reivindicações dos trabalhadores é o aumento salarial de 90 euros para todos, “fazendo caminho para que o salário mais baixo na empresa atinja os 850 euros a curto prazo”.

A promoção imediata e equiparação da progressão dos Operadores de Armazém a Operadores Especializados, o aumento do subsídio de alimentação, o respeito pelo direito à conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar, e o fim imediato do banco de horas grupal são outras exigências dos trabalhadores da Sonae, que reclamam o encerramento das lojas aos domingos e feriados.

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