Termina agora um ano que a maioria não vai esquecer. E não pelos melhores motivos. Às consequências da pandemia juntou-se as consequências económicas e sociais de uma gestão por vezes irresponsável da crise sanitária. Se é certo que ninguém esperava este vírus, apesar dos sucessivos alertas de epidemiologistas para um cenário deste tipo, a maioria dos governos, uma vez mais, preocupou-se sobretudo com os grandes grupos económicos e financeiros e não tanto com quem trabalha. Hoje, à pandemia do coronavírus junta-se uma epidemia de verdadeiras tragédias para quem perde o emprego ou vê o salário reduzido. Se para alguns a hora é de luto, para todos a luta é o único caminho para reivindicar justiça social num tempo em que nem uma pandemia fez crescer o sentido de solidariedade efetiva por parte das instituições e das empresas.

Mas não é só o Governo português que sai mal da fotografia. A ineficaz resposta da União Europeia evidenciou uma instituição profundamente dividida e uma batalha entre países para obter material sanitário e ventiladores. As imagens da China a construir hospitais numa semana contrastaram com serviços de cuidados intensivos em colapso na Europa com sucessivas vagas da doença enquanto no gigante asiático vivem já numa relativa normalidade. 

Para já, o anúncio de várias vacinas devolve alguma esperança aos povos do mundo mas a crise económica e social, a somar a um crescente descrédito no sistema e nas suas instituições, antecipa uma turbulência que, na verdade, não deixou nunca de existir para quem vive exclusivamente da sua força de trabalho. Contudo, para além das consequências económicas e sociais, a pandemia pode deixar sequelas na forma como nos relacionamos uns com os outros.

É neste contexto que A Voz do Operário se mantém firme nas suas convicções e atividade, com ideias de justiça e solidariedade, assentes num chão de permanente trabalho coletivo.

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