A crise pandémica, o estado de emergência decretado e a imposição das medidas de isolamento social levaram, como aqui tem sido tratado, ao encerramento dos Espaços Educativos d’A Voz do Operário e à consequente interrupção da atividade letiva presencial. Desde logo, o desafio de manter uma ligação efetiva e afetiva com a comunidade educativa bem como, a prossecução dos objetivos inscritos no nosso projeto educativo, motivou um esforço coletivo na procura de soluções que permitissem o contacto permanente com os alunos e suas famílias. A adaptação de rotinas, instrumentos e estratégias tendo em consideração a nova realidade, constituiu um movimento coletivo entusiasmado e responsável que permitiu, apesar dos constrangimentos, entender a atual realidade como uma oportunidade.
A procura de soluções adaptadas ao paradigma comunicacional preconizado no projeto educativo d’A Voz do Operário levou a que o 3.º período (face à constatação que este decorrerá em contexto de ensino não presencial), fosse preparado tendo em vista a manutenção, tanto quanto possível, das lógicas de trabalho e rotinas que acontecem em sala. Na creche e pré-escolar, educadoras e pessoal auxiliar envolvem-se de forma ativa com a construção e envio de propostas e desafios diários ajustados aos interesses individuais e de cada grupo. Promovem-se momentos de interação – online – com as crianças procurando reproduzir, tanto quanto possível, dinâmicas de sala.
Com as famílias, a partir de reuniões individuais, constroem-se planos e estratégias de intervenção específicas. Nas reuniões de grupo procura-se criar momentos de partilha e reflexão coletiva sobre as dificuldades vividas neste momento particular bem como, soluções e mecanismos reparadores. No 1.o e 2.o ciclos, considerando a maior capacidade de trabalho autónomo por parte dos alunos, a construção do currículo considera um conjunto de ferramentas e recursos que permitem, através do acompanhamento presente do docente, o desenvolvimento de trabalho em função do ritmo, interesses e das condições objetivas de cada aluno. Especificamente, cada dia inicia-se com um momento coletivo de organização de trabalho a partir do qual cada aluno desenvolve a sua atividade em contexto de estudo autónomo ou enquadrado por áreas disciplinares específicas e através de tutorias. Mantém-se e promovem-se os momentos coletivos de balanço e o conselho de cooperação educativa essenciais à gestão participada e democrática do grupo de trabalho.
Um desafio constante
Embora o trabalho decorra com normalidade, muito devido ao empenho e capacidade de adaptação de todos os envolvidos, o sucesso das medidas e estratégias adotadas não nos deverá afastar de uma permanente reflexão crítica sobre o impacto do trabalho e da sua intencionalidade pedagógica. O compromisso coletivo com uma intervenção diferenciada, adaptada e ajustada a cada aluno e a cada família tomando como referência as suas condições objetivas – em muitos casos debilitadas ou fragilizadas devido ao contexto atual – deverá motivar-nos na procura de soluções que permitam a cada aluno desenvolver o seu percurso com sucesso. O conhecimento das realidades específicas é por isso determinante. As propostas de atividades, a organização das rotinas e as ferramentas de trabalho deverão ser ajustadas e considerar o tempo e o espaço de cada aluno.