Internacional

Cuba

Solidariedade em tempos de crise

Multiplicam-se as chegadas de médicos cubanos a vários países do mundo.

O quadro da pandemia Covid-19, da feroz velocidade da sua construção de cadeias de contágio à escala internacional, e seus impactos, independentemente de especificidades sociais, culturais ou geográficas, obrigou a Organização Mundial de Saúde, a partir da experiência chinesa, e conhecedora de carências em muitos países, a alertar já em Fevereiro para a necessidade de respostas “rápidas e agressivas” e para a importância de “testar, testar, testar”.

A realidade revelou que muitos países terão ignorado os alertas da OMS, ou não os ignorando, apresentaram confrangedoras incapacidades, expondo o resultado de anos de políticas neo-liberais na saúde e de destruição dos vários meios que conferem capacidade de resposta de solidariedade com países e povos particularmente afetados e progressivamente incapazes de contrariar a pandemia.

Desde meados de Março, a China já enviou para países europeus, centenas de toneladas de material

Desde meados de Março, a China já enviou para países europeus, inicialmente em Itália, centenas de toneladas de material e equipamento médico, assim como médicos, enfermeiros e diversos cientistas e especialistas experimentados em pandemias. Mas não apenas para a Europa, também para a América do Sul, Ásia e África, e por vezes em países em situações bem complexas como Iraque, Síria e Irão (que luta contra uma forte disseminação de Covid-19, e sob embargo económico dos EUA que dificulta a entrada de fármacos). Em 23 de Março, a China apoiava oficialmente 82 países, entre outros que se juntaram como Portugal.

No caso de Cuba, que desde os anos 60 já enviou mais de 600 mil profissioaos estados em casos de pandemia (instalações, meios e equipamentos, pessoal médico e auxiliar, aparelho produtivo de material clínico). São exemplos disso vários países europeus ou os EUA. Não obstante casos anteriores, Março marcou a massificação da pandemia à escala mundial (atingindo antes do final do mês 700 mil infectados), expondo cruelmente a incapacidade de resposta de países, bem como o laxismo criminoso de vários líderes nacionais. De vários pontos da Europa, nomeadamente de Itália e Espanha (mas também em Portugal), chegaram imagens e testemunhos impressionantes de escassez e esgotamento de recursos materiais e humanos.

Neste contexto, países como a China ou Cuba, como já o tinham feito em contextos diversos no passado (especialmente Cuba), demonstraram solidariedade com profissionais de saúde para mais de 160 países, o seu apoio foi especialmente notado com a solidariedade prestada por dezenas de médicos enviados para a região da Lombardia italiana, entre muitos outros enviados para países da América Latina e África, envios feitos sobre o protesto e avisos intimidatórios da Administração Trump em Washington. Cuba recebeu ainda o navio inglês MS Braemer, com mais de mil passageiros e onde se registavam vários casos de Covid-19, sem que algum porto o recebesse.

Não é de mais ainda referir que é de produção sino-cubana o antiviral Interferon Alfa 2-B utilizado na cura ao Covid-19. No quadro político internacional, é fundamental que estados e povos, dêem exemplos de solidariedade antropocêntrica em que a cooperação internacional não seja apenas um mercado.

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