Na tomada de posse do governo, o primeiro-ministro anunciou que tem como meta a atingir no final da legislatura 750 euros de salário mínimo nacional, longe dos 850 euros exigidos pela CGTP no mais curto espaço de tempo possível. António Costa acrescentou ainda que essa decisão deve ser tomada em sede de concertação social, condicionando, uma vez mais, a discussão à posição dos patrões. Essa tem sido, aliás, a opção praticada pelos sucessivos governos, permitindo aos patrões imporem um ritmo significativamente mais brando no que respeita a aumentos salariais.
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, afirmou num comício do seu partido que tal meta “é insuficiente” e prometeu que os comunistas estarão no “combate por novos avanços”, em particular pela sua proposta dos 850 euros para o salário mínimo nacional, que coincide com a da central sindical, e pelo aumento geral dos salários para todos os trabalhadores, que considerou ser uma “emergência nacional”.
Já o BE apresentou como proposta 650 euros até janeiro do próximo ano. O partido liderado por Catarina Martins anunciou que vai apresentar um projeto de resolução em que recomenda ao governo o aumento do salário mínimo nacional já a partir de 1 de janeiro de 2020, devendo o mesmo ser aumentado de aí em diante em 5% a cada ano.
Para Arménio Carlos, o secretário-geral da CGTP -IN, é preciso “ir mais além” e referiu que a valorização salarial seria importante tanto para os trabalhadores, como também permitiria beneficiar as empresas, que ganhariam com a dinamização da procura no mercado interno.
Numa noite eleitoral contada voto a voto, o PS alcançou o primeiro lugar nas eleições legislativas com 36,34% dos votos (108 deputados). O PSD caiu para segundo com 27,76% (79 deputados) com Rui Rio a rejeitar a ideia de desastre eleitoral e a considerar exagerado o triunfalismo do partido liderado por António Costa. Contudo, foi o CDS-PP, de Assunção Cristas, que viu a maior derrota da noite não indo além dos 4,22% (5 deputados). Juntos, os dois partidos da direita sofreram a maior queda da sua história.
Com uma queda de meio ponto percentual, o BE conseguiu manter o mesmo número de deputados e tentou coligar-se com o PS, sem êxito. Com um resultado que não corresponde às expetativas da CDU, Jerónimo de Sousa afirmou que, afastada a necessidade de um acordo escrito como exigira Cavaco Silva há 4 anos, o PCP mantinha a mesma postura: disponibilidade de avaliar com o Governo, “caso a caso”, matérias como os Orçamentos do Estado.
O PAN passou de 1 para 4 deputados, o Livre (esquerda moderada) conseguiu garantir um assento parlamentar e o partido Iniciativa Liberal (ultra-direita liberal) outro. Já o Chega, de extrema-direita, elegeu um deputado.