“Uma biblioteca no deserto” é o lema da campanha que várias organizações lançaram para a criação de uma biblioteca nos campos de refugiados no Saara Ocidental. A Voz do Operário é uma das associações aderentes que passa a ser, a partir deste mês, um dos pontos de recolha de livros para quem quiser contribuir para este objetivo. Os organizadores apelam aos leitores que individualmente queiram somar-se a esta campanha, que façam chegar aos pontos de recolha “livros em língua espanhola, que venham a constituir um acervo bibliográfico, levando a leitura e a literatura, ferramentas de liberdade e conhecimento, a quem deles tanto precisa”.
No âmbito desta campanha, a Fundação José Saramago apresentou até ao final do mês de agosto a exposição fotográfica “Cinco olhares sobre o Saara Ocidental”, que resultou do trabalho de cinco fotógrafos portugueses nos acampamentos, entre 1995 e 2009.
À semelhança do que aconteceu com Timor Leste no período da descolonização, no ano de 1975, o Reino de Espanha negociou com Marrocos o território do Saara Ocidental, que se encontra até hoje ocupado. Um muro marroquino de areia, ferro e arame farpado, com mais de 2700 km de comprimento, separa os 2/3 do território ocupado do restante, sob o controlo da RASD (República Árabe Saarauí Democrática), com um terreno repleto de minas (cerca de 8 milhões) que impossibilitam a sua travessia. Se nos territórios ocupados a vida é dura, com a violência, a agressão e a tortura a fazerem parte do dia a dia dos Saarauís, nos acampamentos de Tindouf não o é menos. São milhares de km2 de deserto, onde sobrevivem mais de 200 mil pessoas. O Saara Ocidental é hoje a última colónia de África.