Foram muitos os que desafiaram o sol abrasador em muitas localidades do país para participar nas ações de protesto convocadas pela plataforma Casas para Viver, que integra muitas organizações e movimentos. Um dos porta-vozes do Porta a Porta, Jorge Filho, explicou à Voz do Operário que saíram à rua “pelo cumprimento do artigo 65.º da Constituição que exige casas para todos”. Nesse sentido, destacou que constitucionalmente “todos os cidadãos que vivem e trabalham em Portugal têm direito a uma casa para viver” e que isso “não é cumprido pelo Estado”. Para este movimento, o controlo das rendas e a baixa dos juros no crédito à habitação são medidas fundamentais e fazem parte do seu caderno reivindicativo. “É preciso colocar a banca a suportar os juros do crédito à habitação”, defendeu. “Hoje, Portugal passa por uma crise na habitação sem precedentes e a maioria das pessoas não tem condições para pagar uma renda quando 75% dos portugueses ganham menos de mil euros de ordenado. Exigimos que o Estado assegure a todos os cidadãos o direito à habitação”. Se não houver uma resposta adequada, considera que as pessoas devem continuar a sair à rua. “Nós não paramos, vamos exigir que seja cumprido esse direito. O próprio programa do governo não contempla soluções efetivas para solucionar o problema da habitação. E se não solucionar, nós vamos para as ruas de novo, vamos continuar a nossa intervenção”.
O Vida Justa foi outro dos movimentos que marcou presença no protesto em Lisboa com uma nutrida participação de manifestantes de várias partes da periferia da capital. De acordo com Luís Batista, um dos membros desta organização, o Vida Justa juntou-se à manifestação também porque se está a viver “um momento em que várias casas autoconstruídas, nomeadamente na periferia de Lisboa, estão com processos de despejo movidos por diversas câmaras municipais, nomeadamente a autarquia de Loures”. Explicou que o Vida Justa é um movimento “que pretende vir da periferia, estar na periferia e representar a periferia e não podia deixar de estar num protesto que tem o objetivo defender casas para toda a gente”. Também este movimento considera haver soluções que têm de ser implementadas rapidamente como “o tabelamento das rendas” e impedir que haja um aumento exponencial dos empréstimos para a habitação “porque os bancos privados têm milhões de euros de lucro”. Criticam ainda os ‘vistos gold’ “que contribuem para a especulação imobiliária” porque, consideram, “é gente que vem comprar casas não para as habitar mas para fazer especulação no mercado”.