Oposição tenta dar golpe de Estado

Numa situação inédita, países alinhados com os Estados Unidos e a União Europeia tentam impôr um opositor como presidente apesar de não ter participado nas eleições presidenciais antecipadas que deram a vitória a Nicolás Maduro. Foi no dia 23 de janeiro que Juan Guaidó, desconhecido para a maioria da população venezuelana, se auto-proclamou presidente durante uma manifestação opositora ao arrepio da constituição daquele país. 

Apesar do reconhecimento quase imediato dos Estados Unidos, do Canadá e de mais de uma dezenas de países latino-americanos, Guaidó não conseguiu a maioria dos apoios na Organização dos Estados Americanos e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde a Rússia e a China usaram o direito de veto para bloquear uma declaração proposta pelos Estados Unidos que pedia o desconhecimento das últimas eleições presidenciais. Por sua vez, a delegação norte-americana vetou uma posição apresentada pela Rússia e pela China que apelavam ao diálogo político entre as diferentes partes. Estes países denunciaram que, depois da Líbia e da Síria, Washington pretende provocar um banho de sangue na Venezuela violando a soberania do país com as mais importantes reservas de petróleo. À margem da reunião do organismo permanente das ONU, os EUA exortaram os países a suspenderem as transações financeiras com Caracas aumentando a asfixia à economia venezuelana já assediada há vários anos por sanções e bloqueios.

Por sua vez, o Parlamento Europeu acaba de reconhecer Juan Guaidó e de pedir a todos os países da UE que o façam depois de um ultimato a Nicolás Maduro para convocar eleições presidenciais. Portugal juntou-se aos países que deram oito dias ao chefe de Estado para convocar eleições. Em caso contrário, reconhecem Guaidó. Apesar de estar a ser acusado pela justiça venezuela de usurpação de cargo, o opositor continua a caminhar livremente por Caracas onde fez um discurso em que exige eleições livres.

Jorge Arreaza, ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros, anunciou que o governo venezuelano não vai ceder à chantagem e à tentativa de golpe de Estado e lembrou que nas últimas eleições presidenciais o governo venezuelano convidou os representantes da União Europeia e da ONU para fiscalizarem o ato eleitoral e que nenhum dos dois aceitou o convite. O dirigente venezuelano recordou ainda que a oposição ganhou várias eleições e que isso é prova de que o seu país tem eleições livres e democráticas.

Perante as pressões internacionais e acusando os EUA de terem planeado o golpe, Nicolás Maduro cortou relações diplomáticas com Washington que decidiu bloquear todos os ativos da petrolífera venezuelana no exterior e entregá-los a Juan Guaidó.

As últimas eleições presidenciais que elegeram Nicolás Maduro para um segundo mandato foram antecipadas por um acordo entre o governo e uma parte da oposição que aceitou participar no plebiscito. Nicolás Maduro foi escolhido por 67,84% dos votantes, Henri Falcón chegou aos 20,93% e Javier Bertucci aos 10,82%.

Golpe de Estado contra Hugo Chávez

Não é a primeira vez que o chavismo sofre uma tentativa de golpe de Estado. Em 2002, o presidente Hugo Chávez foi sequestrado por forças militares durante dois dias e foi substituído por um governo imediatamente reconhecido pelos EUA e por Espanha. Apesar das centenas de chavistas mortos provocados pela repressão policial durante o golpe de Estado, nenhum dos partidos da oposição foi ilegalizado quando a democracia foi reestabelecida com o regresso de Chávez. Muitos dos protagonistas da violência fugiram para os EUA e para a Colômbia.

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