Voz

Música

A Voz do Operário organiza 9.ª edição da sua gala de fado

O Museu do Fado voltou a receber a apresentação da Gala de Fado onde foram conhecidos os homenageados do evento que terá lugar no dia 9 de novembro n’A Voz do Operário.

O bonito salão d’A Voz do Operário abre portas à 9.ª Gala de Fado no próximo mês, uma iniciativa que já faz parte da agenda obrigatória para os amantes deste género musical e, como prólogo, a instituição anunciou os homenageados numa apresentação no Museu do Fado, co-produtor do evento. Perante um auditório quase cheio, a fadista Joana Amendoeira cantou Abandono, conhecido como Fado de Peniche, escrito por David Mourão-Ferreira e adaptado por Alain Oulman, sobre a prisão onde o regime fascista mantinha centenas de presos políticos. “Tão simbólico nos tempos em que vivemos”, comentou a fadista sobre a canção. Houve ainda oportunidade para ouvir os vencedores dos prémios revelação, Diogo Pombas e Jéssica, durante a apresentação de todos os galardoados que vão receber, no dia 9 de novembro, a já habitual estatueta inspirada na fadista Maria da Nazaré, madrinha da Gala de Fado, falecida este ano.

Em nome d’A Voz do Operário, Manuel Figueiredo, presidente da direção, recordou que a instituição tem uma forte ligação ao fado desde a sua fundação, em 1883, “dando-lhe corpo enquanto expressão cultural dos bairros operários, designadamente através das páginas do jornal, em que muitos autores publicaram os seus poemas e defenderam o fado quando este era encarado como um género musical marginal”. Manuel Figueiredo recordou ainda Maria da Nazaré e lembrou a sua atuação há um ano também no Museu do Fado durante o lançamento da 8.ª Gala.

Por sua vez, Sara Pereira, diretora do Museu do Fado, fez questão de valorizar a iniciativa d’A Voz do Operário e a importância do movimento associativo e das coletividades para a preservação e defesa deste género musical, lembrando o seu “papel determinante” como espaços que servem de “verdadeiras oficinas”, de “aprendizagem” e de “transmissão do conhecimento”. Dessa forma, sublinhou a colaboração do Museu do Fado com A Voz do Operário na Gala e destacou o seu contributo na consagração do fado na lista representativa do património cultural imaterial da UNESCO.

Uma gala entre o passado e o presente

A 9.ª Gala de Fado vai acontecer no dia 9 de novembro a partir das 15 horas numa co-produção com o Museu do Fado – EGEAC e com o apoio da Antena 1. A ligação d’A Voz do Operário ao fado construiu-se através de inúmeras personalidades do mundo deste género musical que ajudaram a manter viva uma atividade regular, através de sessões realizadas ou apoiadas pela instituição. Simultaneamente, as páginas do jornal A Voz do Operário foram um espaço sempre aberto para muitos autores lá registarem os seus poemas, e defenderam o fado enquanto expressão cultural das classes trabalhadoras. De acordo com os organizadores, é esta “relação indissociável” que se pretende continuar a celebrar com a realização desta gala.

A Gala de Fado tem dois momentos principais: o espetáculo de vários fadistas convidados e a atribuição de prémios a figuras que desempenharam ou vêm desempenhando um papel destacado no fado enquanto expressão cultural, bem como para A Voz do Operário. Para além de icónicas figuras, pretende-se também homenagear o papel das coletividades e dos seus fadistas populares, que alimentam o fado a partir da raiz, fomentando assim a sua permanente reinvenção.
A Gala de Fado d’A Voz do Operário já homenageou grandes figuras como Carlos do Carmo, Cidália Moreira, Ricardo Ribeiro, Luísa Amaro, António Chainho, Ada de Castro, Hélder Moutinho, Simone de Oliveira, José Luís Gordo, Maria Amélia Proença, entre tantos outros, muitos novos talentos, coletividades e artistas populares.

Esta gala distingue-se ainda pelo seu caráter intrinsecamente solidário, sendo voluntária a participação de todos os artistas, dado que tem como objetivo, a par da divulgação do fado enquanto expressão cultural e do reconhecimento público das suas personalidades, a angariação de fundos para as necessárias obras de requalificação do salão de festas d’ A Voz do Operário, de forma a dar continuidade a todas as atividades culturais e associativas.

Os bilhetes custam, como desde a primeira edição, entre 7,5€ e 15€, e podem ser adquiridos na sede d’A Voz do Operário.

Homenageados da 9.ª Gala

Carminho Prémio Tributo

Diogo Clemente Prémio Viola

José Manuel Neto Prémio Guitarra

Filipa Cardoso Prémio Lisboa

Carlos Alberto Vidal Prémio Solidariedade

Maria do Sameiro Prémio Popular

Manuel Barbosa | Maria Valejo Prémio Carreira

Associação Cultural de Fado “O Patriarca

do Fado” Prémio Divulgação

Amélia Muge Prémio Poesia e Literatura

Diogo Pombas | Jéssica Prémio Revelação

Lídia Franco Prémio Artes e Espetáculo

Artigos Relacionados