Terrorismo israelita dá início à Terceira Guerra do Líbano

Escombro no bairro de Dahieh, Beirute.

Em apoio a Gaza

A 8 de outubro de 2023, o Hezbollah foi a primeira força a agir em apoio à resistência palestiniana em Gaza, iniciando uma campanha de baixa intensidade contra alvos israelitas na fronteira sul do Líbano para atrair parte do exército israelita e assim aliviar a pressão que se começava já a abater sobre Gaza.

Desde aí, o Hezbollah lançou milhares de rockets contra bases e posições militares israelitas, baterias de defesa antiaérea, comunicações e sistemas de radar e vigilância, forçando Israel a mobilizar cerca de um terço das suas forças para a fronteira norte. Desde o início, o movimento de resistência libanês deixou claro que suspenderia todas as suas operações assim que entrasse em vigor um cessar-fogo em Gaza.

Face à recusa por parte do regime sionista em pôr fim à campanha genocida em Gaza, o Hezbollah manteve as suas operações a um ritmo constante, forçando a evacuação de cerca de 120 mil colonos que viviam a menos de 5 km da fronteira libanesa. Durante o último ano, o Hezbollah continuou a restringir as suas operações a esta faixa fronteiriça, e atacando exclusivamente alvos militares – apesar das crescentes atrocidades cometidas em Gaza e na Cisjordânia, e dos cada vez mais frequentes ataques israelitas no interior do Líbano com um número crescente de vítimas civis.

Organização terrorista?

O Hezbollah é considerado pela maioria dos países ocidentais, que frequentemente tentam passar-se por “porta-vozes” da comunidade internacional, como uma organização terrorista. Assim como o Hamas, junta-se ao Congresso Nacional Africano de Nelson Mandela e a muitas outras forças de libertação anti-coloniais que fazem, ou fizeram, parte da longa lista de organizações consideradas terroristas pelo Ocidente.

Quando se fala de terror, a quase total inexistência de vítimas civis israelitas no norte de Israel, alvo de milhares de ataques lançados desde o Líbano durante o último ano, mostra uma realidade bem diferente – especialmente quando confrontada com o genocídio em Gaza.

Apesar de o Hezbollah afirmar repetidamente não ter interesse numa guerra aberta e generalizada, Israel tem tentado escalar o nível de confrontação – no final de Julho, Israel assassinou Fuad Shukr, segundo na cadeia de comando do Hezbollah, num bombardeamento contra um edifício numa zona residencial nos subúrbios de Beirut que matou também 3 mulheres e 2 crianças e feriu outras 74 pessoas. O facto de o Hezbollah ter esperado várias semanas para retaliar, e a resposta atingir exclusivamente alvos militares, mostrou mais uma vez a sua vontade de não escalar a confrontação, sabendo que uma guerra aberta contra Israel seria devastadora para o Líbano.

Terrorismo israelita: pagers e walkie-talkies

A 17 de Setembro, milhares de pagers utilizados por membros do Hezbollah foram detonados remotamente por Israel, provocando milhares de feridos em todo o Líbano. Segundo vários media ocidentais, a detonação dos pagers foi possível graças à introdução nos dispositivos de pequenas quantidades de uma substância altamente explosiva e indetectável, numa operação levada a cabo pela inteligência israelita algures na cadeia de produção, antes de os dispositivos chegarem ao Líbano.

Nesse dia, segundos antes das explosões, uma mensagem foi recebida pelos pagers, desencadeando o sobreaquecimento das baterias e fazendo muitos dos seus donos pegar nos dispositivos para ler a mensagem antes de estes explodirem. Os hospitais foram inundados por pessoas com ferimentos na cintura e nas pernas, nas mãos e na cara.

Sendo o Hezbollah não só uma organização armada mas também um importante partido político na cena libanesa, com uma enorme estrutura civil e a gestão de vários serviços em zonas de maioria muçulmana, encontram-se entre as vítimas um enorme número de membros das estruturas civis do Hezbollah, bem como familiares e outros civis que se encontravam nas suas imediações.

O ataque, realizado pelas 4 da tarde, fez os pagers detonarem em mercados e lojas, hospitais e residências. Várias pessoas morreram em consequência das explosões, entre elas uma mulher, um enfermeiro em serviço num hospital e duas crianças, uma delas uma menina de 11 anos que pegou no pager do pai para lho entregar.

No dia seguinte, também a meio da tarde, uma nova onda de explosões assolou o Líbano – desta vez, foram walkie-talkies que se transformaram em bombas-relógio. As detonações foram mais poderosas que as do dia anterior e incendiaram carros, motas e habitações. Lojas que vendem este tipo de dispositivos foram também atingidas por explosões, e civis sem ligação ao Hezbollah afirmam que walkie-talkies que haviam comprado em lojas civis há vários anos também explodiram. Pelo menos uma explosão teve lugar durante um funeral de vítimas do ataque do dia anterior. Esta nova onda de explosões fez 3500 feridos e 42 mortos.

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