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Dar mais força à luta por uma vida melhor

No próximo dia 30 vamos ser chamados a eleger os 230 deputados para a Assembleia da República. Sim, porque ao contrário do que pretendem fazer crer, as eleições não são para primeiro-ministro mas sim para os nossos representantes no Parlamento.

Tratam-se de eleições antecipadas, que só ocorrem porque o Governo do PS assim o quis, ao recusar incorporar no Orçamento de Estado para 2022 um conjunto de medidas indispensáveis para o progresso do país e para a melhoria da vida dos trabalhadores e do povo. Como ficou claro, pretendeu eleições, querendo fugir a qualquer condicionamento que limite as suas opções determinadas por compromissos com a política de direita. 

Com a conjuntura criada em 2015 (e da pressão daqueles que à esquerda logo apelaram a que à derrota da direita deveria corresponder uma nova política) e a consequente formação do Governo do PS, este foi forçado a contemplar algumas medidas, designadamente a reversão de algumas das mais retrógradas do Governo Passos Coelho e da Troika, apesar de nunca ter assumido uma política verdadeiramente de esquerda, de acordo com as necessidades do País.

A persistente luta dos trabalhadores forçou a concretização de avanços, que só não foram mais longe porque infelizmente a política do Governo ficou muito aquém do que seria necessário, por um lado, não cumprindo com as medidas aprovadas, pura e simplesmente não as implementando ou utilizando para tal o subterfúgio das cativações e por outro, posicionando-se cada vez mais como aliado dos grandes interesses económicos, como o comprovam o facto de nos últimos dois anos a maioria das suas propostas ter sido aprovada na assembleia da República em aliança com os partidos da direita.

Não basta dizer-se que é de esquerda, é preciso demonstrá-lo com uma política consentânea com as necessidades do povo e do País, mesmo que tal não seja do agrado da União Europeia e dos interesses do grande capital que a mesma incorpora.

Não é assim de estranhar que se tenham agravado significativamente as assimetrias em Portugal, com os ricos a acumular cada vez mais fortuna e os pobres a sofrerem das maiores dificuldades. Paralelamente, regista-se o facto muito negativo de o número de trabalhadores pobres a atingir um novo record. Infelizmente, hoje ter um trabalho não é suficiente para se sair da pobreza.

Não foi por razões financeiras que não se avançou com as medidas que os trabalhadores e o povo reclamam, até porque, como sabemos há sempre dinheiro para ir em defesa do grande capital, designadamente financeiro, como o comprovam o apoio aos desmandos dos banqueiros, que já custaram mais ao erário público do que a verba que com grande pompa e circunstância anunciam que vamos receber da EU, a chamada “bazuca”, que curiosamente terá boa parte afeta aos grandes interesses económicos.

Na mesma linha vem a recusa em rever o pacote laboral vindo da troika, em que os direitos dos trabalhadores são subalternizados, a precariedade é quase a regra e a contratação coletiva posta em causa com as medidas que permitem a sua caducidade, enfim, uma legislação laboral que deixa todo o poder nas mãos do patronato.

Em consonância com o Governo, temos agora a OCDE (que engloba os países da União Europeia) a clamar que não se deve aumentar muito o salário mínimo. É curioso que estas organizações estão sempre muito atarefadas em travar os salários dos trabalhadores, mas nunca vi nenhuma preocupação em tomar medidas para reduzir os elevados rendimentos do grande capital, designadamente das multinacionais (pelo contrário, só as protege, como no caso das grandes farmacêuticas, não assegurando a libertação das patentes das vacinas, para que o combate à pandemia pudesse assumir um caráter efetivamente global), ou não tomando medidas contra os “paraísos financeiros” e o esbulho de muitos milhares de milhões (significativamente, a grande maioria das offshores estão sediadas em países da OCDE).

Mas como sempre, e mais uma vez, está nas nossas mãos. No próximo dia 30 de janeiro vamos dar mais força à luta por uma vida melhor, vamos votar para eleger deputados que de facto estejam comprometidos com os interesses do desenvolvimento do País e com a melhoria das condições de vida do povo, de quem trabalha e dos reformados, com o apoio à produção e às pequenas e médias empresas, com o investimento e a defesa dos serviços públicos.

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