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Inverno

A bater os dentes: quando o inverno também é dentro de casa

Inverno após inverno, os portugueses envolvem-se numa guerra contra um inimigo que silenciosamente se infiltra nas nossas casas. Dependendo do orçamento familiar, são muitas as armas à disposição de quem se predispõe a combater o frio em todas as suas formas.

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Escolhem-se ‘choriços’ para encostar à porta da rua, compram-se fitas isoladoras para calafetar janelas e, quando a carteira o permite, não há casa que dispense um aquecedor a óleo ou a gás. É uma batalha que passa de pais para filhos e ninguém esquece aquela avó que dormia com um saco de água quente.

Carla Araújo repete um gesto na luta incansável contra o frio. Como muitos portugueses, a primeira coisa que faz quando chega a casa, no Bairro do Caramão da Ajuda, em Lisboa, é vestir o pijama e pôr um robe por cima. Vive aqui desde que nasceu, há 51 anos, e são 51 invernos sem tréguas e sem solução à vista. A casa que pertence à Câmara Municipal de Lisboa nunca teve obras e as queixas são muitas. Sobretudo, da humidade que deixa muitas marcas nas paredes.

“Quando chove, o telhado mete água por todo o lado e as paredes escorrem água por causa da humidade”, descreve esta trabalhadora da limpeza. Coabita com o pai, o filho, a nora e o neto e o aquecedor, como em muitos lares portugueses, é um bem de luxo. Só se liga ao fim da noite, imediatamente antes da hora do sono. Carla Araújo diz que é assim porque o peso ao fim do mês na conta da luz pode ser avultado. Reconhece que se o preço da eletricidade fosse baixo, estenderia os períodos em que o aparelho está ligado. Mas diz viver num país “em que nada é barato, é tudo caro e onde se ganha pouco” e por isso socorrem-se de roupa quente para enfrentar o frio doméstico.

Ainda assim, todo o cuidado é pouco com os aparelhos elétricos. Fruto da humidade, suspeita Carla Araújo, o quadro dispara várias vezes e já ficaram com uma televisão avariada. Noutra ocasião, o quadro elétrico chegou mesmo a arder.

Mas as baixas temperaturas têm outras consequências. Alérgico desde criança, o filho de Carla Araújo “fica muito pior no inverno” numa casa que não o consegue proteger do frio. “E eu normalmente ando sempre constipada nesta altura do ano. É demais”, acrescenta, para logo denunciar que já fez várias queixas na autarquia sem que isso tivesse resolvido o problema.

Em casa, Alberto Gonçalves veste roupa quente para combater o frio.

Do outro lado da cidade, na Rua dos Anjos, perto do Intendente, vive Alberto Gonçalves. Também numa casa alugada, aos 64 anos, tem medo de ser despejado porque acaba de morrer o proprietário do imóvel onde mora há cerca de cinco anos. É uma casa tão antiga que não se recorda da idade. O que sabe é que arranjaram o teto e já não chove no interior mas o velho inimigo não baixa a guarda. “É muito complicado, faz muito frio”, explica.

Para superar as baixas temperaturas, este antigo jardineiro da autarquia de Lisboa diz que veste muita roupa e que quando vai dormir se deita com muitos cobertores. Aquecedor não usa e a razão é simples: é “muito caro”.

As queixas repetem-se com Rosa Madalena da Silva, que mora na Quinta do Ferro. Como Carla Araújo, esta mulher de 65 anos, diz ter muita humidade nas paredes. À espera de uma reforma, por parte da senhoria da casa, também sofre muito frio no inverno. Com o rendimento mínimo de inserção e sem reforma, o aluguer é pago pela Santa Casa da Misericórdia e tem muitas dificuldades em enfrentar as baixas temperaturas.

“A casa parece gelo. Parece que estamos com o frigorífico aberto”, descreve Rosa Madalena da Silva. “Está mais frio dentro de casa do que na rua. Pode crer”. Se Alberto Gonçalves não usa aquecedores devido ao custo da eletricidade, esta moradora, há oito anos na Quinta do Ferro, tem o mesmo problema que Carla Araújo. “Da última vez que liguei um eletrodoméstico, fiquei sem luz. Foi lá um homem a casa e explicou-me que tinha um curto circuito”, explica.

Rosa Madalena da Silva tem mais frio em casa do que na rua

Ao lado, uma vizinha de Rosa denuncia os mesmos problemas. Marta Figueiredo, de 26 anos, vive na Quinta do Ferro desde abril, em casa do pai, com graves problemas estruturais. À espera de uma resposta da autarquia, socorre-se de outra vizinha que foi realojada pela autarquia e que lhe deixou mantas e roupas quentes. “Para mim, torna-se mais complicado porque a minha casa de banho é na rua e quando está a chover também chove dentro da casa de banho”, descreve a jovem. Foi, aliás, o que aconteceu na última noite. “Tive de levar o chapéu de chuva para dentro da casa de banho”, denuncia.

Marta Figueiredo vai à casa de banho de chapéu de chuva

Portugal é um dos países onde mais frio se passa dentro de casa

Não deixa de ser extraordinário que num país com um dos climas mais moderados da Europa se passe tanto frio dentro de casa. De acordo com dados do Eurostat divulgados em fevereiro de 2019, pior do que Portugal só a Bulgária, Grécia e Chipre. A média de casas mal aquecidas na União Europeia anda em torno dos 8%. Em Portugal, esse valor sobe para os 22%.

Até pode não estar demasiado frio na rua mas enregela-se dentro de casa. Por exemplo, a temperatura média em janeiro, que é habitualmente o mês mais frio em Lisboa, é de 11,6ºC. Já em Turku, no sudoeste da Finlândia onde o mês com temperaturas mais baixas é fevereiro, essa média é de -5,2ºC. Contudo, enfrentar o inverno não é um sacrifício.

A viver nesta cidade desde 2012, Tiago Silva confessou à Voz do Operário que sempre que vai a Portugal no inverno, tem medo. “Eu sou de Almeida, distrito da Guarda, então é muito frio”, explica o doutorando de 34 anos. “O inverno aqui não custa nada. Aqui temos a casa sempre com 21 graus de temperatura e mesmo na casa anterior, uma casa de madeira, com mais de cem anos, portanto, mais fria e difícil de aquecer, mesmo com lareira, estava sempre por volta dessa temperatura”, descreve. “Em Portugal, custa-me sair da cama para tomar duche, isso torna o inverno muito mais difícil do que aqui”.

O frio mata e mói

Em outubro de 2017, o excesso de óbitos do inverno anterior chegou às capas dos jornais. Então, a Agência Lusa destacava que a gripe e a vaga de frio teriam sido responsáveis por essa vaga mortal, segundo dados do relatório anual do Programa Nacional de Vigilância da Gripe. O documento elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, em colaboração com a Direção-Geral da Saúde, referia que durante a época de gripe 2016/2017 se teria registado um excesso de 4.467 óbitos em relação ao esperado.

Durante a época de gripe 2016/2017 registou-se um excesso de 4.467 óbitos em relação ao esperado.

Este excesso de mortalidade “coincidiu com um período epidémico da gripe e com um período em que se registaram temperaturas extremamente baixas, estimando-se que 84% dos excessos sejam atribuíveis à epidemia de gripe sazonal e 16% à vaga de frio”.

O relatório indica que, a nível hospitalar, “foi nos indivíduos adultos, com mais de 64 anos que se detetou uma maior percentagem de casos de gripe”.

“Foi também nos doentes mais velhos, com 65 ou mais anos, que se verificou a maior taxa de internamento hospitalar e em unidades de cuidados intensivos”, prossegue o documento, avançando que “a febre, as cefaleias, as mialgias, a tosse e os calafrios foram os sintomas mais frequentemente associados a casos de gripe confirmados laboratorialmente”.

Ao nível dos grupos de risco, “foi nos doentes com obesidade, diabetes e doença respiratória crónica que se observou a maior proporção de casos de gripe confirmada laboratorialmente, seguindo-se dos indivíduos com doença cardiovascular e doença renal crónica”.

Segundo o Diário de Notícias, em 2003, o investigador J. D. Haley publicou um estudo que mostrava que Portugal, apesar do clima moderado, era o país com o maior excesso de mortalidade no inverno.

Cátia Martins, médica de família num Centro de Saúde em Campanhã, no Porto, explica à Voz do Operário que “da mesma forma que aumenta a mortalidade durante as ondas de calor, o mesmo acontece quando há ondas de frio”. E apresenta vários motivos. “Também pelo facto de o nosso sistema imunitário ficar mais debilitado, ficamos mais sensíveis, sobretudo em doenças respiratórias agudas. Mesmo do ponto de vista da recuperação, da convalescença, é diferente ter uma gripe, uma pneumonia ou ter covid e estar numa casa onde há condições e ter qualquer uma destas infeções numa casa em que se passa frio”, sustenta.

Do ponto de vista da recuperação, é diferente ter uma gripe, uma pneumonia ou ter covid e estar numa casa onde há condições e ter qualquer uma destas infeções numa casa em que se passa frio.

Para esta médica de 33 anos, a humidade das casas, associada ao frio e ao mau isolamento, complica a vida dos pacientes com patologia respiratória crónica. Doentes asmáticos ou com doença pulmonar obstrutiva crónica “são doentes que realmente notam na pele as diferenças por estarem expostos a um meio em que há muito vapor de água”.

E dá o exemplo de um jovem paciente que ilustra esta situação. “Estou a trabalhar num meio mais desfavorecido, temos um bairro social aqui ao lado do nosso centro de saúde, e tive o caso de um utente, até bastante jovem, que tinha uma asma não controlada e só pelo facto de mudar de casa ficou com a doença controlada. Neste momento, nem sequer precisa de medicação e ele próprio associa a mudança para uma casa com menos humidade e com outro tipo de condições a poder deixar de precisar de uma medicação crónica”, descreve.

Mas as consequências podem ser muitas. Num país com uma população envelhecida, Cátia Martins refere os idosos que têm o hábito de se deitarem mais cedo no inverno devido às baixas temperaturas. “Vão para a cama às seis da tarde. Com o envelhecimento já se tem menos horas de sono e se vão para a cama demasiado cedo, chegam às duas da manhã e não dormem. Isto acaba por criar problemas na qualidade da higiene do sono e o que acontece é que muitas vezes isto leva ao consumo de benzodiazepinas na tentativa de corrigirem uma higiene do sono deficitária causada por se meterem na cama com frio. Eu vejo muito isto nas pessoas de maior idade e acaba por ter consequências a nível social e psicológico. Ficam com dependências de fármacos”, alerta.

O perigo de lareiras e aquecedores

Como responderam Carla Araújo e Rosa Madalena da Silva à Voz do Operário, a humidade das casas e o receio de curtos circuitos que possam provocar um incêndio fazem com que olhem para os caloríficos como um aparelho perigoso. Todos os anos, há notícias de cidadãos que morrem dentro de casa enquanto tentam combater o frio usando lareiras, salamandras ou aquecedores.

Ventilar a casa, evitar dormir junto a equipamentos de aquecimento, afastar aquecedores de móveis, evitar sobrecargas de eletrodomésticos e não deixar roupa em cima dos caloríficos

Ventilar a casa, evitar dormir junto a equipamentos de aquecimento, afastar aquecedores de móveis, evitar sobrecargas de eletrodomésticos e não deixar roupa em cima dos caloríficos são alguns dos conselhos que a própria Guarda Nacional Republicana se viu obrigada a anunciar em público para evitar tragédias este inverno.

Sem cheiro, sem cor e praticamente impercetível, o monóxido de carbono é uma morte silenciosa. Segundo dados do Centro de Informação Antivenenos (CIAV) fornecidos ao i, em janeiro de 2019, no ano passado foram 32 os pedidos de apoio e aconselhamento relacionados com o monóxido de carbono. Desses pedidos, 22 eram de adultos e oito diziam respeito a crianças. Estes números representavam já uma subida face aos 29 pedidos registados em 2016. Os dados revelam ainda que em 2017 se registaram 38 pedidos de ajuda.

Dados do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), a que o i teve acesso, indicam que em 2018 se registaram 741 ocorrências das quais resultaram seis mortos. No entanto, esse não foi o pior ano nem em termos de ocorrências nem em número de vítimas mortais. À semelhança do número de pedidos ao CIAV, 2017 foi o ano que registou o maior número de ocorrências (972). O ano com mais mortes aconteceu em 2013, com 12, de um total de 672 ocorrências.

Portugal, um dos campeões em pobreza energética

Foi em 1990 que a britânica Brenda Boardman definiu pela primeira vez o termo pobreza energética como a incapacidade de uma família conseguir uma quantidade adequada de serviços de energia pelo preço de 10% do rendimento disponível.

Há dados que ilustram sobre a incapacidade de as famílias enfrentarem o frio recorrendo a soluções que implicam o uso de energia como o gás ou a eletricidade. Um estudo de 2019 do Eurostat, relativo ao ano anterior, mostrava que 19,4% dos portugueses dizia não ter capacidade financeira para pagar os custos relacionados com o aquecimento adequado da sua casa. Era, então, a quinta maior percentagem da União Europeia cuja média era de 7% em 2018.

Noutros cálculos, Portugal estava no segundo semestre de 2019 no quarto lugar da eletricidade mais cara da União Europeia para consumo doméstico, em termos de poder de compra das famílias, de acordo com o Eurostat. Já no campeonato de preços, o gás no país também é o quarto mais caro da Europa, depois de Espanha, Suécia e Itália. Finlândia, Luxemburgo, Malta, França, Suécia, Estónia, Hungria e Países Baixos são os países onde a fatura menos pesa face ao orçamento familiar, face ao poder de compra.

As famílias portuguesas são de facto das que mais dificuldades têm para enfrentar as despesas.

As famílias portuguesas são de facto das que mais dificuldades têm para enfrentar as despesas. Com os magros salários, mais de metade (59%) dos portugueses fica com menos de 20% do rendimento após pagar as contas, na sequência da pandemia de covid-19, segundo um estudo da Intrum, realizado entre agosto e outubro deste ano.

“Devido à pandemia covid-19, 59% dos portugueses inquiridos afirma ficar com menos de 20% do rendimento após pagar as contas”, um valor que é “superior à média europeia, de 41%”, refere o European Consumer Payment Report 2020, realizado em plena pandemia, segundo a Agência Lusa.

Das medidas analisadas para responder à situação, em Portugal a mais mencionada pelos inquiridos foi o corte de gastos em bens não essenciais (62%), ligeiramente acima da média, que é 57%.

“A preocupação com o futuro e o aumento do stress e ansiedade atinge cada vez mais os portugueses”, adianta o estudo, que salienta que “as faixas etárias dos 22 aos 37 anos (61%) e dos 45 aos 54 anos (63%) afirmam estar, neste momento, mais preocupadas com o seu bem-estar financeiro do que em qualquer outro momento da sua vida”.

Reformas que podem fazer a diferença

O arquiteto Tiago Mota Saraiva explica à Voz do Operário que logo a seguir à revolução houve um grande processo de construção para fazer face às condições precárias da habitação em Portugal e das 500 mil casas em falta para cobrir as necessidades. Muitas dessas novas construções “representaram melhorias significativas mas a qualidade está muito longe do mínimo aceitável neste momento”, defende.

Logo a seguir à revolução houve um grande processo de construção para fazer face às condições precárias da habitação em Portugal e das 500 mil casas em falta para cobrir as necessidades.

Sustenta também que durante o processo revolucionário houve “boa construção”, obedecendo a uma lógica de “habitação pública”, mas que logo a seguir com a “mercantilização da habitação” a qualidade baixa. Explica que hoje temos “elevadíssimos consumos energéticos”.

Fala na fraca qualidade dos materiais mas, sobretudo, nas soluções técnicas utilizadas na construção dos edifícios e entende que aprendemos pouco com a “arquitetura popular que nos socorria das condições térmicas exteriores” e dá o exemplo da construção de paredes grossas. Considera que os construtores preferiram poupar nos materiais abdicando de paredes duplas de alvenaria.

Para já, considera que há processos de reabilitação que são necessários e que devem partir dos financiamentos que existem. “Isto tem um impacto enorme no consumo que nós temos de ar condicionado e de calorificios”, explica. Para o arquiteto, a preocupação deve ser sobretudo com tudo o que numa casa contacta com o exterior.

Estratégia de 384 milhões para renovação dos edifícios

A “precariedade energética” é, segundo a Comissão Europeia, “o resultado de uma combinação de baixos rendimentos, despesas energéticas elevadas e mau desempenho energético das habitações”. Agora, de acordo com o Público, o governo tem em mãos um instrumento que calcula, pela primeira vez, o investimento que seria necessário para “apoiar de forma considerável a mitigação da pobreza energética em Portugal”.

Para levar a cabo o isolamento térmico (…) nos edifícios onde moram os cerca de dois milhões de portugueses que se estima viverem em situação de precariedade energética, seriam necessários investimentos totais de 7671 milhões de euros até 2040.

Para levar a cabo o isolamento térmico de fachadas e coberturas, e substituir vãos envidraçados por caixilhos de PVC com vidro duplo nos edifícios onde moram os cerca de dois milhões de portugueses que se estima viverem em situação de precariedade energética, seriam necessários investimentos totais de 7671 milhões de euros até 2040. Ou seja, 384 milhões de euros por ano.

Para chegar a estes números, um grupo de trabalho composto por elementos da Direcção-Geral de Energia e Geologia, da Agência para a Energia e do Instituto Superior Técnico, que estão na Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios (ELPRE), um dos instrumentos de política de energia e clima que o país está obrigado a apresentar à Comissão Europeia.

No total, segundo o Público, a ELPRE prevê a necessidade de investimentos totais de 144 mil milhões de euros, dos quais 110 mil milhões especificamente para habitações, na “transformação rentável dos edifícios existentes em edifícios com necessidades quase nulas de energia” até 2050. Estabelece ainda um “roteiro com medidas de melhoria” para alcançar esse “parque imobiliário descarbonizado e de elevada eficiência energética” e considera que as poupanças em aquisição de energia permitirão, “ao fim de 30 anos”, um retorno do investimento de 112 mil milhões de euros nos edifícios residenciais e de 109 mil milhões nos edifícios não residenciais.

Para aplicar as medidas sugeridas no documento, é necessário um investimento total de 40.373 milhões de euros e todas as alterações ao “nível da envolvente térmica dos edifícios” devem ser efetuadas até 2040.

Segundo o conteúdo apresentado pela ELPRE, intervir na chamada “envolvente passiva” dos edifícios permitiria aumentar o nível de “conforto interior das habitações sem necessidade do aumento do consumo de energia” e dos encargos que isso representa, pelo que os autores da ELPRE destacam a importância destas medidas para as camadas mais desfavorecidas da população.

O governo português espera o apoio de Bruxelas através de um plano de medidas para promover a renovação de edifícios. De acordo com o Público, o objetivo da Comissão é, no mínimo, duplicar a taxa de renovação de edifícios, contribuindo em simultâneo para as metas ambientais e para a recuperação económica.

Para já, não passa de uma intenção mas o Ministério do Ambiente e da Ação Climática considera que que boa parte do investimento se vai dar no âmbito da “evolução normal” da iniciativa privada. Por outro lado, o governo referiu o Fundo Europeu de Financiamento para a Renovação, que deverá contar com 91 mil milhões de euros por ano e o plano de recuperação apresentado por Bruxelas para combater os efeitos da pandemia.

É uma questão de tempo perceber se a viabilidade deste plano representa efetivamente o fim de uma guerra contra o frio e a humidade.

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