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Uma Voz de portas à comunidade

Libério Domingues, presidente da Assembleia-Geral d’A Voz do Operário, conversa sobre o significado da eleição dos órgãos da instituição.

Um estofador e sindicalista na presidência da Assembleia Geral

Natural de Assentiz, Torres Novas, Libério Domingues começou a trabalhar aos 13 anos, em 1970, como aprendiz de estofador na empresa E. Rodrigues e Carlos Costa. Quatro anos depois, já após a revolução, passou a desempenhar a função de estofador de automóveis no quadro de pessoal das Oficinas Mecânicas da Câmara Municipal de Lisboa, onde ainda hoje se mantém como encarregado operacional.

Em 1986, Libério Domingues, foi eleito delegado sindical no Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) e três anos depois foi escolhido para a direcção dessa estrutura sindical, que chegou a coordenar de 1993 a 2008. Hoje, é presidente da Mesa da Assembleia Geral do STML, é membro da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN e é coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa desde fevereiro de 2008.

Neste processo eleitoral, o estofador e sindicalista viu renovado um novo mandato à frente da Mesa da Assembleia Geral d’A Voz do Operário, que preside desde 2012.

Qual o significado desta renovação do mandato?

Na minha opinião, acho que este mandato que se vai iniciar vai ser, de certeza, como têm sido os últimos mandatos. Significa a continuidade de um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por esta equipa, com um ou outro reforço, no sentido da renovação, e ainda bem, mas no fundo há a continuidade de um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido. E, quanto a mim, acho que há aspetos desse trabalho que merecem um destaque especial. Desde logo, aquilo que é uma das principais marcas d’A Voz do Operário, que é muito conhecida, que é a questão do ensino. Nós evoluimos muito nestes últimos anos, do ponto de vista dos equipamentos e das instalações e daquilo que mais me apraz destacar, que é a evolução da qualidade do ensino d’A Voz do Operário. E eu fico muito orgulhoso, sinceramente, quando muita gente me diz que o processo educativo d’A Voz é um processo em constante evolução, aperfeiçoamento, moderno, e eu creio que isso é um dado muito importante, tanto para o presente, como para o futuro. Nesse aspeto, houve uma aposta muito significativa que deu os seus frutos e que concerteza, nestes próximos anos, vai estar aí para continuar e para ampliar tanto quanto possível.

E no plano associativo?

Acho que esta situação que vivemos da pandemia trouxe ao de cima a grande importância que tem uma instituição como A Voz do Operário, a todos os níveis. Desde logo, na sua ligação à vida, ao meio onde está, às pessoas que a frequentam mas sobretudo uma abertuda muito grande às outras organizaçoes. Posso dizer, por exemplo, em relação a uma área que eu conheço muito bem, que é a sindical, que A Voz do Operário tem sempre as portas abertas, mas neste período isso tornou-se ainda mais importante. Porque mesmo com limitações, mesmo com dificuldades, A Voz do Operário manteve-se aberta, não apenas aos sindicatos, mas também no plano cultural e eu acho muito importante que a instituição nunca tenha deixado de fazer aquilo que tinha programado fazer nessa área. As iniciativas foram sinal de que A Voz assumiu esta situação e foi importante nesta fase, como contributo para que a sociedade não fique confinada naquilo que eu considero mais negativo. A Voz teve um papel muito importante na forma como também encarou tudo isto. Creio que há um aspeto a relevar que é o cuidado que existiu, desde o primeiro momento, por parte da direção, no seu relacionamento com os trabalhadores, a preocupação com as suas condições. Essa era a primeira questão, as condições de higiene, de segurança, de saúde, o respeito por todas as normas que foram sendo aplicadas, mas depois também na sua relação contratual com os trabalhadores. Naturalmente que não podiamos passar ao lado, e não passámos, das dificuldades, dos layoffs, e naturalmente que se não o fizessemos cometeríamos um erro, mas os rendimentos e os direitos dos trabalhadores foram sempre salvaguardados como ponto de honra da direção d’A Voz. Eu creio que isto é um exemplo de como se devem fazer as coisas. A Voz, enquanto entidade responsável por um conjunto de trabalhadores, teve uma atitude e um comportamento a destacar.

Os princípios fundacionais d’A Voz continuam a inspirar a direcção?

Eu acho que são princípios adquiridos e em constante renovação. Não são frases nem slogans que nós usemos como papel decorativo. As raízes d’A Voz estão sempre presentes. Não há nenhum ato d’A Voz em que isso não esteja presente. A ligação aos trabalhadores e à luta e à melhoria das condições de vida são de facto a pedra de toque d’A Voz do Operário. Eu acho que quando entramos por aquela porta, mesmo os sindicalistas experientes, já com muitos anos, sentimos sempre qualquer coisa de especial. Esta casa tem algo que transmite valores de solidariedade, de camaradagem e de preocupação, sobretudo num momento da nossa vida em que aquilo de que ouvimos falar é de competitividade e individualismo. N’A Voz do Operário isso não existe e, portanto, essa abertura, esse relacionamento tão próximo, não é apenas uma questão institucional. É uma questão de fundo, de princípio. A Voz está aberta ao movimento sindical e aos trabalhadores porque é essa a sua própria natureza. Provavelmente, não se teriam realizado algumas iniciativas do movimento sindical se não tivessemos a abertura e a colaboração d’A Voz. Desde o Conselho Nacional da CGTP-IN, da Conferência da Interjovem e outras. Eu próprio, como coordenador da União de Sindicatos de Lisboa, sinto sempre segurança por saber que há uma instituição como A Voz do Operário com quem nós podemos contar. 

Quão importante é o trabalho coletivo para os órgãos d’A Voz?

É muito importante. Eu acho que se instituiu n’A Voz um princípio muito importante para os associados que é a prestação de contas a tempo e horas, de forma regular, com informação detalhada e com preparação prévia, para que os sócios participem na vida, na gestão da instituição e nas decisões importantes que se preparam para serem tomadas nas assembleias gerais. Isso é uma boa prática e temos feito uma tentativa de aumentarmos a participação dos sócios na vida d’A Voz. Sabemos que nem sempre é possível, sabemos que é mais dificil juntar as pessoas, mas mesmo assim há um esforço muito grande de todos os órgãos no sentido de definirem as suas responsabilidades. Cada um tem as suas e tem de as desemprenhar de forma solidaria percebendo que tem de as fazer para prestigiar A Voz e a sua democracia interna, a sua prática de relacionamento com os seus associados, de informação…Eu acho que o nosso jornal é um veículo muito importante para todos e é um livro aberto onde podemos, se quisermos, aprofundar o nosso conhecimento sobre aspetos importantes da vida da nossa instituição. É importante continuar a aperfeiçoar esse trabalho de comunicação para chegarmos com mais eficácia aos sócios. Esta instituição vive para e com os seus 

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