Considerado terrorista comunista pelas autoridades do apartheid sul-africano, Nelson Mandela passou 27 anos em diferentes prisões. Em fevereiro deste ano, cumpriram-se três décadas da libertação do homem que recebeu o Nobel da Paz em 1993. Madiba, como era conhecido, juntou-se ao Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) ainda jovem. Em 1961, lidera o Umkhonto we Sizwe (MK), braço armado do ANC, criado depois do massacre de Sharpeville, em que a polícia sul-africana assassinou 69 manifestantes negros.
Foi a 5 de agosto de 1962 que Nelson Mandela foi capturado juntamente com Cecil Williams. Durante o julgamento, o líder anti-apartheid fez um discurso de três horas intitulado de “Estou preparado para morrer”. Inspirado no histórico discurso de Fidel Castro depois do assalto ao Quartel Moncada, em Santiago de Cuba, a intervenção teve repercussão mundial apesar da censura do regime.
“Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Eu defendi o ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as pessoas viverão juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal que espero viver e ver realizado. Mas se for necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer”, afirmou então.
Durante as mais de duas décadas e meia de prisão, Nelson Mandela passou por várias prisões enquanto uma campanha internacional pela sua libertação decorria recolhendo cada vez mais apoios. Em fevereiro de 1985, Willem Botha, líder do regime racista, ofereceu a saída da prisão de Mandela se este “rejeitasse incondicionalmente a violência com arma política”. Madiba rejeitou a oferta. Dois anos depois, Portugal, governado então por Cavaco Silva, votou contra uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que exigia a libertação de Nelson Mandela, detido nesse momento há 25 anos.
As derrotas da agressão militar do apartheid a Angola e a luta do povo da Namíbia pela independência ajudaram a afundar ainda mais a imagem do regime. A 11 de fevereiro de 1990, o líder sul-africano abandonou a prisão depois de uma decisão do presidente De Klerk pressionado pelas campanhas internacionais e pela luta do povo contra o apartheid. Em abril de 1994, o CNA vence as eleições com 62% dos votos e Nelson Mandela torna-se presidente da África do Sul.
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