A’ hora a que escrevemos, suffocada a revolução em Lisboa, o conflicto está latente no norte do paiz. As tropas de Paiva Couceiro teem tido já varias escaramuças com as tropas fieis á Republica. Quando a luz do A Voz do Operário tiver já visto a luz da publicidade, já se devem ter travado rudes combates, e talvez mesmo que a lucta tenha findado.

Quanto a nós, temos sempre mantido a mesma opinião. Por muitas desillusões que a Republica nos tenha trazido, não por culpa das instituições, mas pelos erros dos seus homens, por muito que esses homens tenham falseado as suas promessas, não acreditamos que a Monarchia possa resurgir de novo. Ella está morta e bem morta. Não ha nada que galvanise esse cadaver. Em redor da bandeira azul e branca não poderão jámais agrupar-se as classes que aspiram á liberdade, á marcha para o futuro. E por mais revoluções que se façam, por mais conspirações que se forjem, por mais conspiratas que se desenhem, nenhuma revolução triumpha quando não tem a animal-a a grande força da opinião publica, quando não se inspira nos grandes ideaes emancipadores, que guiam a Humanidade.

Assim, a revolução monarchica foi esmagada em Lisboa, e os seus caudilhos, que não ficaram em Monsanto mordendo o pó, cahiram nas malhas apertadas dos codigos militares. A revolução do Norte ha de ser tambem esmagada. O que é preciso é que, depois de terminada essa revolução, os elementos republicanos dêem o mais nobre exemplo de republicanismo que podem dar, acabando com os seus odios, com as suas divisões, com os seus conflictos, mais de interesses do que de idéas, mais de ambições do que de lucta nobre e levantada, constituindo finalmente aquillo que nunca souberam constituir, em oito annos de Republica – uma familia, ligada pelo mesmo ideal, trabalhando com o mesmo fito e para o mesmo fim, na ancia enorme de que o paiz prodiga e se emancipe de todas as oligarchias que teem estorvado a sua acção.

A Batalha

Com este titulo, deve começar brevemente a sua publicação um jornal diario, que já estava para sahir ha dias, tendo sido adiada a sua publicação para remover dificuldades que surgiram. O novo jornal diario, orgão da União Operaria Nacional, destinado pois a ser o porta-voz da organisação operaria portugueza, tem a sua redacção e administração installadas na séde da União, Calçada do Combro, 38-A, 2.º.

A União emittiu, para sustentar o jornal, acções de um escudo, pagaveis em quatro prestações, estando já installadas as commissões directiva e administrativa.

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