Uma vez mais, a instabilidade abate-se sobre a vida dos trabalhadores dos bares dos comboios de longo curso da CP. Depois da histórica luta que forçou a retoma do serviço, o pagamento dos salários em atraso e a manutenção de todos os trabalhadores, a empresa anterior reviu o acordo de empresa que reflete novas conquistas: aumentos salariais significativos, 35 horas semanais e o pagamento do acréscimo do trabalho ao sábado e domingo. Contudo, a ITAU, que ganhou a exploração da concessão com início a 1 de abril deste ano, não pretende cumprir na íntegra o novo acordo assinado.
Nesse sentido, os trabalhadores, organizados no Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo e Restaurantes e Similares do Sul, anunciaram já uma greve para os dias 1, 2 e 3 de maio. Afirma a estrutura sindical que “os trabalhadores não podem aceitar que a alteração de concessionária venha penalizar a sua valorização profissional e a sua retribuição salarial, nomeadamente através do não cumprimento da revisão do acordo de empresa para 2025”, recordando que isto acontece “após o esforço e a resiliência demonstrados por todos, que contribuíram para manter os postos de trabalho em 2023, provando que existem ótimas condições de crescimento no negócio da prestação do serviço de refeições a bordo dos comboios de longo curso da CP, ao mesmo tempo que se investe na mobilidade ferroviária”. Para estes trabalhadores, não é aceitável “a exploração por parte dos operadores privados que, ao ganharem as concessões dos serviços dos bares, se preocupam exclusivamente com o lucro a curto prazo, assegurando-se de que são ressarcidos em centenas de milhares de euros mensais pela CP para prestar um serviço aos passageiros, ao mesmo tempo que excluem os trabalhadores — que executam esse mesmo serviço — da equação”. Lembrando a “qualidade”, o “esforço” e a “penosidade” de quem trabalha todos os dias nos bares dos comboios, não aceitam que os lucros da ITAU durante a vigência da concessão das cafetarias e bares dos comboios de longo curso da CP “sejam feitos à custa da redução dos seus já baixos rendimentos”.