Depois da morte de Odair Moniz, a tiro, por um polícia na Cova da Moura, na madrugada do dia 21 de outubro, uma onda de revolta percorreu os bairros da periferia da Área Metropolitana de Lisboa, finalizando na grande manifestação a pedir justiça para Odair, convocada pelo movimento Vida Justa, em 26 de outubro, sob o lema: “Sem justiça, não há paz”.
Entretanto, a Vida Justa, movimento dos moradores das periferias, realizou uma Assembleia Popular dos Bairros para responder aos problemas destas comunidades.
Nessa assembleia, as três centenas de representantes dos bairros decidiram vários pontos, para além da Grande Marcha: uma campanha pelo fim das ZUS (Zonas Urbanas Sensíveis), lançar uma rádio online e um jornal dos bairros para divulgar o que se passa nas comunidades populares da periferia, e um torneio de futebol, com o objetivo de “unir os jovens dos bairros e acabar com desavenças que não lhes permitem ver quem são os seus verdadeiros inimigos”.
Durante a assembleia, os participantes dividiram-se em grupos de trabalho com o objetivo de inventariar problemas, encontrar soluções e traçar as formas de ação e luta para conseguir melhorar a vida nos bairros.
No documento que serviu de orientação da assembleia de 24 de novembro, o movimento assinala que “a periferia não é um lugar geográfico”, mas “político”, onde “as populações mais exploradas, pobres, racializadas e imigrantes são afastadas do poder de decisão”.
Habitação, transportes, imigração, violência policial, salários, preços e serviços públicos e poder popular foram os temas em foco na primeira Assembleia Popular dos Bairros. Nas conclusões ficou marcada, mas não agendada, a convocação de uma nova Assembleia Popular dos Bairros para o segundo semestre de 2025.