A febre ajuda a combater a infeção, sendo a sua gestão o que nos propomos desenvolver, baseando-nos em orientações publicadas pela Direção Geral da Saúde e Organização Mundial da Saúde.
A febre é o aumento de pelo menos 1ºC na temperatura habitual da pessoa. Genericamente, considera-se que qualquer medição acima de 38º C corresponde a febre, mas devem considerar-se também outros sinais e sintomas. Muitas vezes ocorre acompanhada de aumento da frequência cardíaca, cansaço, calafrio, extremidades frias… O desconforto que causam deve ser considerado para a forma como vamos gerir a febre.
Medir a febre
Para avaliar a temperatura existem diversos termómetros (estando desaconselhados os antigos de mercúrio) e diversos locais de medição. São habitualmente mais utilizadas a via retal (aconselhada em crianças até aos 3 anos), a via axilar (menos precisa, mas muito prática) e a via timpânica (na orelha, precisa mas só aconselhada em crianças com mais de 3 anos).
Cuidar da criança com febre
Gerir e tratar a febre na criança pode ser um desafio. É importante considerá-la uma forma de reação do corpo e também de monitorizar a evolução da doença. Se tem febre é porque a infeção persiste.
É importante manter a criança com roupa fresca e num ambiente não muito aquecido. E é indispensável oferecer água ou leite materno frequentemente.
O tratamento da febre não encurta a duração dos dias de febre nem contribui para a resolução da doença. Quando o termómetro aponta valor de febre é essencial avaliar o conforto da criança e vigiar se surgem mais sinais de alerta.
Se está desconfortável deve tomar um antipirético, sendo o mais utilizado o paracetamol em supositório, xarope ou comprimido, de acordo com a capacidade de ingestão da criança.
Nos casos de alergia ao paracetamol ou febre com desconforto com intervalos inferiores a 6 horas poderá administrar-se ibuprofeno, contudo este está desaconselhado na varicela e na idade inferior a 6 meses.
O antipirético é eficaz se baixar a temperatura de 1,0 a 1,5º C em 2 a 3 horas e aliviar o desconforto.
Na criança, a febre reveste-se de ainda mais cuidados e preocupações. As convulsões febris nas crianças estão associadas a predisposição fisiológica e são pouco frequentes (menos de 1% dos episódios febris até aos 2 anos de idade).
Ao surgirem pela primeira vez, são consideradas uma situação emergente de saúde, devendo ser contactado o 112. O tratamento da febre não serve para prevenir convulsões febris. Perante este acontecimento só resta diminuir a temperatura com medicação retal o mais rápido possível (já que a criança não vai conseguir ingerir pela boca) e minimizar as consequências da convulsão, como evitar que a criança se magoe por queda ou ao embater contra superfícies durante as contrações musculares involuntárias.
É desaconselhado arrefecer a criança para baixar a temperatura através de banhos, compressas embebidas em álcool ou ventoinhas. Estas medidas não são eficazes e são desconfortáveis.
Os sinais tranquilizadores na existência de febre são a criança que brinca e mantém uma atividade quase normal nos intervalos da febre, come menos mas ingere líquidos e acalma ao colo.
De qualquer forma a criança está mais frágil e precisa de dormir e descansar mais para recuperar, sendo adequado manter-se em casa, junto da família que a tranquiliza, avaliar com mais precisão sinais de alarme e a acarinhar adequadamente.
Para o interesse da criança, individualmente, e da saúde pública geral, é necessário o acesso a medicação adequada de forma gratuita, acesso simples no serviço nacional de saúde a consultas não programadas sem ser em contexto de urgência hospitalar e a possibilidade efetiva dos adultos de referência se ausentarem do trabalho para assistência às crianças, sem represálias (no salário, na avaliação de desempenho, no trabalho acumulado…).