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“Genocídio na Palestina: Perto de 50 mil pessoas mortas e 50 mil crianças sofrem de subnutrição aguda”

Entre os discursos abertamente sionistas por parte da presidente da comissão europeia, as condenações inócuas do Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e o apoio inabalável por parte dos Estados Unidos da América, Israel continua a sua campanha genocídio na Palestina ocupada.

Os números são brutais. Desde o passado dia 7 de outubro Israel já matou cerca de 38 mil palestinianos em Gaza, mais de 500 na Cisjordânia e provocou perto de 90 mil feridos. Se tivermos em conta as 10.000 pessoas que estão desaparecidas sob os escombros, presumivelmente mortas, os números do genocídio podem chegar facilmente às 50 mil mortes. 

As forças israelitas lançaram mais de 75.000 toneladas de explosivos – o equivalente a 6 bombas nucleares – em Gaza, o local mais densamente povoado do mundo, transformando casas, escolas, hospitais e locais de culto em escombros. 

Condições deterioram-se em Gaza

Além dos constantes bombardeamentos, o genocídio do povo palestiniano está a ser levado a cabo em diferentes níveis. A fome, a sede, o bloqueio à entrada de ajuda humanitária e as más condições de saneamento estão a ser usadas por Israel como arma de guerra contra a população da Faixa de Gaza. 

Desde o início das suas operações militares, a 7 de Outubro de 2023, o exército israelita tem trabalhado metodicamente para destruir gado, terras agrícolas, estufas e criações de aves de uma forma consistente, com a clara intenção de negar o acesso aos alimentos básicos e matar a população palestiniana à fome. Segundo a Euro-Med Human Rights Monitor, cerca de 75% das terras agrícolas da Faixa de Gaza foram destruídas.

Outro grande problema provocado pelo ataque israelita à Faixa de Gaza é a questão dos resíduos. As massas de lixoacumuladas nas ruas destruídas das cidades – a par com o calor extremo e a falta de tratamento das águas residuais – provocam uma situação insalubre. A poluição causada pela exposição de grandes quantidades de plástico ao sol, a existência de milhares de corpos em decomposição debaixo dos escombros e os mais de 40 graus que se fazem sentir em Gaza nesta altura do ano, criam o cenário favorável à propagação de doenças que agravam ainda mais a situação humanitária – realidade para a qual a UNRWA alertou há cerca de dois meses.

50 mil crianças sofrem de subnutrição aguda

De acordo com um relatório divulgado pela Save the Children, existem cerca de 21.000 crianças desaparecidas na Faixa de Gaza, muitas delas presas sob os escombros, em valas comuns, detidas ou perdidas das suas famílias.

Estima-se que 43% do total de vítimas nesta guerra sejam crianças. Segundo a UNRWA, mais crianças foram mortas nos primeiros quatro meses do bombardeamento israelita de Gaza do que em quatro anos de guerras em todo o mundo. Este número pode aumentar drasticamente nos próximos meses, uma vez que, segundo várias organizações, cerca de 50 mil crianças sofrem de subnutrição aguda.

A contestação ao Governo de Netanyahu cresce

Uma semana depois de o líder da Unidade Nacional, Benny Gantz, e o seu parceiro Gadi Eisenkot terem abandonado o Gabinete de Guerra devido a divergências, o primeiro- ministro israelita decidiu dissolver o conselho de guerra.

Segundo os meios de comunicação israelita, a dissolução deste conselho teve como objetivo evitar a inclusão dos ministros mais extremistas no gabinete.

Netanyahu tenta sobreviver politicamente. Por um lado, pressionado pela contestação nas ruas e pela parte da oposição liderada por Gantz, que pretende resolver a questão dos reféns com algum tipo de acordo com o Hamas. E por outro, pressionado pelos sectores de extrema direita que continuam a exigir uma extensão do conflito ao Líbano e uma ocupação efectiva de Gaza – expulsando a sua população para o deserto do Sinai.

Durante a sua primeira entrevista televisiva a um meio de comunicação israelita desde 7 de Outubro, Benjamin Netanyahu disse que não iria parar o massacre na Faixa de Gaza até “alcançarmos o nosso objetivo de destruir o Hamas”. 

O primeiro-ministro israelita afirmou ainda que só estaria disposto a dar o seu aval a um acordo de cessar-fogo “parcial” que permita continuar o genocídio após a troca de prisioneiros – na prática, rejeitando a última proposta dos EUA, apresentada em Maio por Joe Biden. 

Em resposta a estas declarações, a resistência palestiniana insiste que qualquer acordo deve incluir, obviamente, “uma declaração clara de um cessar-fogo permanente e uma retirada completa da Faixa de Gaza”.

Conflito na fronteira entre Líbano e Israel

Tudo indica que o primeiro-ministro israelita, apoiado pela maioria dos seus aliados políticos, vai abrir uma nova frente de guerra.

Desde 8 de Outubro, quando o Hezbollah iniciou operações contra Israel em solidariedade com o povo palestiniano, Israel já realizou mais de 6.000 bombardeamentos ao longo dos 120 km da fronteira – ou seja, o equivalente a 83% de todos os ataques efectuados entre o Hezbollah e o exército israelita.

Em oito meses, no Líbano, 470 pessoas foram mortas em ataques israelitas – incluindo 90 civis –, mais de 95 mil foram deslocadas e quase 1680 hectares de terras agrícolas foram queimados com fósforo branco. Embora algumas autoridades estimem que os danos possam atingir os 6.000 hectares.

Durante a sua última viagem a Washington, Yoav Gallant, o Ministro da Defesa israelita alvo de um mandato de captura por parte Tribunal Penal Internacional, ameaçou devolver o Líbano “à idade da pedra” caso tivesse de iniciar um conflito armado contra o Hezbollah.

Os Estados Unidos já vieram dizer que “apoiam totalmente Israel e a defesa dos seus interesses de segurança nacional contra grupos como o Hezbollah”. Tudo indica, então, que o ocidente vai continuar a apoiar directa e indirectamente o genocidio do povo Palestiniano e o alastrar da guerra no Médio Oriente.

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