Um milhão de pessoas concentradas particularmente na zona norte da Área Metropolitana de Lisboa obviamente irá criar uma situação caótica pois não encontrará resposta às suas necessidades de mobilidade num sistema já insuficiente para o quotidiano da população residente, acrescido do fluxo turístico que se verifica durante todo o ano.
Estou a escrever antes dos acontecimentos, embora em muitos casos, quando o jornal chegar aos leitores já as coisas aconteceram considerando o atraso com que os CTT, com regularidade, fazem chegar a correspondência ao destino, o que não espanta atendendo ao facto de ter como atividade principal a bancária a que se encontra associada à do encaminhamento e distribuição da correspondência.
Mas voltemos à JMJ.
Pelo programa oficial das iniciativas ficamos a conhecer os locais e períodos em que decorrem, onde se destacam o Parque Eduardo VII, a zona de Belém e o novo Parque Tejo-Trancão.
Como irão deslocar-se os peregrinos?
Como irão deslocar-se os que trabalham nas zonas afetadas pelo acréscimo de procura dos transportes públicos e não podem ficar em teletrabalho, particularmente os que prestam serviços essenciais como restauração ou venda de bens alimentares cuja procura irá disparar?
Aparecem a público medidas concelhias e notícias de aumento da oferta de transportes.
A Câmara Municipal de Lisboa encerra e limita a circulação na cidade por zonas e da empresa que tutela, da Carris aparece o anúncio de mais 300 autocarros em serviço.
Pela notícia da conferência de imprensa Câmara de Municipal Loures, ficamos a saber que estão previstos reforços da oferta de transportes públicos (150 no modo rodoviário, 8 no ferroviário e 45 no Metro) que se traduzem em mais 54 mil lugares do que o habitual.
Não deixa de ser estranho que seja a autarquia de Loures a anunciar o aumento da oferta da CP e do Metro, quando deste último não existe qualquer infraestrutura na sua área geográfica, mas sempre informam mais alguma coisa.
A empresa que naquele concelho ficou incumbida do plano de mobilidade foi avisando que, mesmo assim os peregrinos terão de percorrer várias vezes por dia entre 5 a 10 quilómetros, o que tratando-se de jovens não será problema de maior. O problema é quando não conseguirem o transporte, dado que esperam1 milhão de pessoas a acederem ao Parque Tejo-Trancão.
Como já referimos, com os meios existentes nunca seria possível responder ao problema, mas este poderia ser minimizado.
Quando de um evento de dimensão muitíssimo inferior, que foi o campeonato europeu de futebol, foi criada uma comissão coordenada pelo IMT, onde estiveram representantes de todas as partes com intervenção na mobilidade para definir o plano e as ações de cada parte. Agora numa situação de uma escala imensamente maior cada um ficou a tratar do seu quintal, quando já existe uma entidade metropolitana que deveria encabeçar os trabalhos de resposta ao problema.
Para terminar uma pergunta. Qual o papel da Carris Metropolitana neste processo?