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Roteiro da solidariedade em Peniche

Numa iniciativa que assinalou as 100 mil visitas à exposição “Por teu livre pensamento” na Fortaleza de Peniche, onde vai nascer o futuro Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) lançou um roteiro que leva os visitantes a percorrer locais de Peniche associados com a solidariedade da população para com os presos políticos.

O roteiro, que poderá ser feito através de visitas guiadas ou de forma livre pelos visitantes, recorrendo a áudioguias, inclui 44 pontos da cidade ligados à luta travada pela população contra a ditadura e à solidariedade que os locais tinham para com os presos e as suas famílias.

A distância entre Lisboa e Peniche, na época, era de quatro horas e os familiares dos presos tinham de ficar alojados na cidade na véspera das visitas em pensões ou casas particulares. Do roteiro, fazem parte a Residencial Aviz, local de alojamento, e outras cinco casas de locais solidários com os presos. O antigo restaurante Nabéu e a mercearia de José da Costa são outros dos pontos incluídos no plano de visitas.

À Lusa, Manuela Bernardino, do comité central do PCP e fundadora da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, contou que, durante os seis anos em que teve o companheiro preso em Peniche, a sua família tinha na cidade duas casas alugadas, que “na noite de sábado para domingo estavam abertas” a familiares de outros presos.

No mesmo quarto, descreveu, chegavam a dormir várias pessoas, e recorda, sublinhando, que a solidariedade entre familiares na partilha de transporte e no alojamento fazia parte do “dever cívico de poder contribuir para que a prisão fosse menos penosa”.

O roteiro conta ainda com passagens pelo posto da GNR e pela antiga esquadra da PSP, onde houve detenções e interrogatórios de presos, pelo local onde esteve sediada a Comissão Democrática Eleitoral de 1969, pela Associação Recreativa de Peniche, onde o PCP realizou, após o 25 de Abril de 1974 a sua primeira sessão pública para agradecer a solidariedade da população local para com os presos e resistentes antifascistas, e ainda por espaços públicos da cidade onde ocorreram importantes concentrações de luta dos pescadores.

O concurso de 2,5 milhões de euros para a criação do museu nacional deverá ser lançado até final deste ano, adiantou a diretora-geral, Paula Silva. A empreitada, explicou, visa criar zonas expositivas e um percurso museológico entre os vários edifícios e dotar o museu de acessibilidades, climatização, gabinetes técnicos, arquivo e biblioteca, receção, loja e livraria, uma cafetaria e instalações sanitárias.

A iniciativa tem também o apoio da União de Resistentes Antifascistas Portugueses e da autarquia local.

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