De acordo com um estudo do think tank da Fundação Belmiro de Azevedo, Edulog, os alunos de famílias mais favorecidas entram nos cursos de maior prestígio enquanto que os mais pobres, maioritariamente, para os politécnicos. A investigação refere que para que um estudante seja capaz de alcançar as notas de ingresso, mais elevadas, por norma, nos cursos de prestígio, a capacidade financeira da família é determinante. Os critérios usados na análise do Edulog à equidade do acesso ao ensino superior foram as qualificações dos pais e mães dos estudantes e a percentagem de alunos que recebem bolsas de acção social – que são em norma os mais desfavorecidos – em cada curso. O estudo usa um dos exemplos mais claros da seletividade socioeconómica no acesso aos cursos do ensino superior, o acesso à área da Saúde. São 73,2% os estudantes de Medicina que são filhos de pais e mães que concluíram o ensino superior, ao passo que 73% dos estudantes de Enfermagem são filhos de pais com qualificações inferiores – ensino secundário ou menos. Na Universidade do Minho quem estuda para ser médico vem de agregados familiares bastante mais qualificados (56% das mães têm o ensino superior) do que os colegas de Enfermagem (onde apenas 20% das progenitoras têm este nível de qualificação). A conclusão é a mesma se forem comparados os alunos de Medicina da Universidade de Coimbra (63% de mães com o ensino superior) e os da Escola Superior de Enfermagem da mesma cidade (24%). Noticia o Público que esta análise é também confirmada quando se observa o número de bolseiros de ação social em cada curso superior. Apenas 15% dos estudantes inscritos em Medicina vêm de agregados familiares mais pobres. Pelo contrário, 40,4% dos alunos de Enfermagem recebem apoio do Estado para estudar. Nas universidades, menos de 30% (28,1%) são bolseiros. Nos politécnicos esse valor é superior em quase dez pontos percentuais (37,4%).
Sociedade
Educação